domingo, 15 de janeiro de 2012

O Brasil não é maior que o Reino Unido

Recentemente a mídia brasileira anunciou em boa tonalidade e legibilidade que o Brasil é a quinta economia mundial, ocasião em que havia ultrapassado a do Reino Unido. Entretanto, penso que a colocação no cenário econômico é apenas um dado a se considerar – o que é tendencioso – têm que se analisar os países em aspectos mais amplos. Veja bem, o Brasil tem 38 vezes o território e mais de 3 vezes a população do dito ultrapassado; detém o 84º IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), enquanto o outro, o 26º; bem como — ou seja, mal que — o brasileiro tem uma expectativa de vida de menos 7 anos que o do comparado. Quantas universidades brasileiras foram classificadas dentre as 200 melhores do mundo em 2011, segundo o THE (Times Higher Education)? Uma. Quantas do Reino Unido? Trinta e duas. Quem vive melhor não é aquele que trabalha mais, ou produz mais, e sim, aquele que gasta melhor consigo, neste caso, com o seu povo. O Brasil não sabe e nem se preocupa em gastar racionalmente, ou melhor, não há redistribuição de renda, nem oferta de bons serviços públicos para o seu povo. Para mim, não importa se o meu país é a primeira ou a última economia mundial— isso é orgulho de tolo — quero, sim, qualidade de vida para todos meus conterrâneos, com tudo que isso possa abarcar: politização (não apenas participação em um ou outro partido político), consciência de direitos e deveres, cultura e escolarização, saúde, patriotismo consciente, lisura nos meios públicos e privados (incorruptibilidade), haja vista que essas características trazem muitas outras também fundamentais ao ser humano. Esse sim, seria um povo que saberia viver verdadeiramente; subsistir é para as pedras. Quero que o meu povo tenha o primeiro IDH, significativa participação no mundo acadêmico e científico, renda anual de U$ 60.000 e não renda per capta — essa é uma grande ilusão. Prefiro a qualidade de vida daquele povo à da quinta economia mundial. E você, brasileiro? 06/01/12

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

STEPHEN HAWKING NÃO É ESPARTANO

Soube que os espartanos eliminavam seus bebês fracos, deformados ou enfermos, haja vista que seres em tais condições não poderiam ser úteis àquela sociedade. Ainda bem que nos dias atuais vemos quantidades enormes de pessoas nas condições listadas, e não apenas crianças, mas em diversas faixas etárias. Se definirmos o homem como objeto, instrumento ou utensílio, realmente os espartanos podem ter sido corretos. Entretanto, penso que o ser humano pode estar além daquelas denominações – se bem que alguns estão aquém. Quando já na idade madura, trabalhei numa entidade que era conveniada a outra que tinha foco no cidadão com necessidades especiais. Essa visava a proporcionar uma vida mais digna aos desafortunados por nascença, por moléstias adquiridas ou acidentes. Considerava humanas as atitudes das duas entidades, os trabalhadores eram na sua maioria jovens e – não obstante o problema que os afligisse – eram simpáticos e alegres; conversava com muitos deles. Após alguns anos sofri um acidente em que bati a parte póstero-superior da cabeça na borda de uma piscina e fiquei quase um mês sem andar direito, a coluna doía só de tocar o solo na troca de passo, e um dos membros superiores adormecia eventualmente. Em certo dia, lembrei-me de que poderia ficar igual a um deles, porém tinha certeza de que não enfrentaria o fato da mesma forma que meus colegas. Felizmente tal auto agouro não se estabeleceu. Passada quase uma década, sofri uma queda e torci o joelho – apenas luxação de alguns ligamentos – tive que usar muletas para andar. E isso fez-me, mais uma vez, lembrar de meus colegas e de quanto sofrem os usuários — quer sejam permanentes, quer não —de muletas, cadeiras de rodas e andadores; visto que há cidades que não oferecem calçadas compatíveis com os apetrechos que permitem a locomoção, a sobrevivência dos portadores de algum infortúnio, Curitiba, por exemplo. Quanto a humanidade teria perdido se o físico inglês Stephen Hawking fosse espartano e o costume abrangesse os adultos? Se os espartanos estavam certos, hoje não tem mais importância, porém, se eu e meus colegas o fôssemos poderíamos ter sido eliminados. P.S. Feliz 70º aniversário, em 08/01/2012, Stephen Hawking. 030112