segunda-feira, 10 de setembro de 2012

TUDO AOS SEUS LUGAR E HORA


            Eu penso que não tenho restrição para receber e dar carinho, logo não tenho patologia alguma, no que se refere a relacionamentos.

            Mas duas características, após a escolha da origem e/ou do destino, do carinho são condições sine qua non: a hora e o lugar.

            Após tantas indelicadezas de um marido para com a sua esposa – num ônibus interurbano – ela, segurando o bebê deles, resolve numa atitude de retorno à paz sentar-se no colo do genitor do bebê?

            Também num ônibus, só que urbano, percebo um jovem casal de namorados em cenas um tanto quanto dessemelhantes às temperaturas glaciais, que só faltava ele apalpar-lhe as glândulas mamárias. 

            A falta de percepção para com os circunstantes parece-me, também uma carência afetiva para com esses, bem como retratar a ausência de dois outros tipos de sentimentos — o amor próprio e para com a pessoa em questão — ao não se evitar tornar público o que deveria ser privado.

            Enfim, para tudo deve-se haver hora e lugar, se não os dois — para livrar-se de extrema rigidez —, pelo menos, o segundo.                                                                            18/05/09   

domingo, 2 de setembro de 2012

CONFABULAÇÕES PÓSTUMAS


     Eu tenho meu cabelo cortado por uma mesma pessoa há quatro meses.
   Quando chego lá e há freguês na cadeira aguardo, e leio qualquer escritura, que sempre levo por prevenção; haja vista que as suas são tablóides com notícias de morte, ou de futebol, ou revistas antigas de celebridades, as quais me suscitam  ojeriza . 

     Pois bem, suponho que a sua habilidade de discurso embasa-se nessas bibliografias. É uma pessoa gentil, e por retribuição ouço muito os seus comentários, às vezes, entremeados por amenidades familiares e sociais nativas — de Curitiba. 

     Pouco falo, quando discordo, calo-me para não elevar os ânimos do quase monólogo.
    No primeiro corte que recebi em julho de 2009, o tema era o astro pop americano, Michael Jackson, a sua morte. 

    Dizia que era absurdo que se cobrasse ingresso dos fãs que queriam prestar a sua última homenagem, no caso, póstuma.
    O que teria sido feito do féretro? E qual motivo? Diziam-se que ele podia não ter morrido ou que fariam a necropsia a posteriori, e que aquilo era apenas o lado mercantil da não maior morte, já que ela não tem tamanho, mas, sim a maior repercussão na pauta artística dos últimos tempos. 

   Não que eu desgoste dele,  somos contemporâneos — éramos —, quase da mesma idade; embora não seja tiete, gosto de suas produções. Vi a sua vida na mídia por quase três décadas. 

   Reflexionava esporadicamente sobre a origem de tantos celeumas e misérias humanos, no que se referem ao seu âmago e comportamento social.
    Disse-lhe que era favorável à cobrança de ingresso ao seu velório, que iria quem quisesse e se o pudesse. 

     Mas aqui, há algumas inquirições:
     1) Quem quisesse ir e o pudesse, poderia ir. Ponto; 2) Quem pudesse e não o quisesse, não iria. Ponto; 3) Quem não quisesse e não o pudesse, não iria. Ponto; 4) Quem quisesse e não pudesse, não iria. Interrogação, e agora? 

     Eis uma questão sentimental dos fãs. Os não-sensíveis e/ou mercantilistas diriam: e daí? Mas também não seria possível admitir no Ginásio Staples Center, em Los Angeles, todos quantos o quisessem. De qualquer forma teria que se fazer uma seleção, a qual poderia ser por n métodos, sorteio ao vivo, seleção dos primeiros tantos a chegar em determinado local ou a acessar um designado site e obter uma senha, a qual seria mais seguro. Mas desconheço o processo de escolha. 

   Se, realmente, cobram ou não eu ignoro; entretanto, se cobram, eles encontraram uma maneira de selecionar os homenageandos. 

    
     Consta-me que ele não tenha feito shows gratuitos, salvo algumas campanhas fraternas em conjunto com outros renomados — USA for Africa (United Support of Artists for Africa) quando gravou com outros 46 artistas a famoso "We are the world" , em 1985. Mas o último show não se conviria que gratuito fosse, concorda? 
  
    Espero que comungue com a minha opinião, visto que a minha cabeleireira não consegui convencer.
   Lembre-se: Show business is always business! E se ele  pudesse ou puder saber o quanto ganharão depois de e com a sua morte, arrepender-se-ia ou arrepender-se-á de a ter  ocasionado.

    Onde quer que esteja, Michael Jackson, cante, dance, alegre a muitos, como poucos o sabem ou o souberam fazer.
     Só não se esqueça de se alegrar também. Urge-se!                                               10/07/09