quinta-feira, 24 de maio de 2018

O PODER DAS RODAS CARGUEIRAS

Em 2013, após as manifestações populares, dizia-se que o gigante – o povo – tinha despertado. Não acreditei, atribuí-as ao incentivo de alguns protagonistas com diversos vieses ideológicos ou objetivos, via mídias sociais, somado à difusão pela mídia tradicional.

Desde então, passaram-se cinco anos; nesse ínterim, foram ensaiadas outras manifestações populares – sempre encaminhadas via mídias sociais –, mas nenhuma de monta similar àquela e outras pré-Copa do Mundo 2014, quando, inclusive, houve desrespeito à mandatária primaz.


Tivemos até os vizinhos argentinos a bradarem – em suas revindicações – que a Argentina não era o Brasil, no caso, eles não seriam tão pacatos com o seu governo como nós temo-lo sido. A indiferença política é uma característica marcante do brasileiro, a qual é conhecida por muitos afora.
Em 2015, durante o governo Dilma, os caminhoneiros tentaram uma paralisação nacional, a qual não se compara em monta com atual, maio 2018. Houve ilações de que a categoria estava sendo utilizada com propósitos antigovernistas.

Falemos da atual. Sempre pensei que, não obstante termos um povo um tanto quanto alheio aos nossos temas sociais, algumas categorias profissionais poderiam colocar uma unidade governamental (cidade, estado e união) aonde quisessem. Por exemplo, imaginemos os profissionais de transporte ou os da limpeza urbana parados, seria uma catástrofe para qualquer cidade; se os profissionais dessas mesmas categorias de outras cidades se unissem aos primeiros poder-se-ia haver um problema estadual. E, assim por diante.

Algumas outras categorias também têm grande poder de negociação. Pensemos nos aeronautas e profissionais dos aeroportos, esses igualmente têm o poder de forçar os dirigentes setoriais a atendê-los em muitos casos, se não todas, talvez a quase todas as suas reivindicações.

Por que somos dependentes do transporte rodoviário?
Equivocadamente, um outro governo – leia Fernando Henrique Cardoso – desmontou a nossa malha ferroviária ao invés de incrementá-la, quando é sabido que, em muitos países envolvidos, grande parte do transporte de carga ocorre por essa modalidade, e também hidroviária.

Parte maciça do transporte de carga brasileiro é feita por via rodoviária; essa não só encarece a vida do brasileiro como contribui para a ceifa de milhares de vida, seja pelos acidentes, seja pela irresponsabilidade governamental da não fiscalização de nossas rodovias. Sabe-se que há um enorme número de motoristas, de todos os tipos de veículos, que dirigem de forma imprudente, e comenta-se haver motoristas de caminhões que se utilizam de drogas para dirigir por longo tempo, mormente à noite; enfim, suas condições de trabalho não são as desejáveis. Tais fatos resultam em mais acidentes, mais incapazes físicos e mais mortos. Em suma: prejuízos sociais por todos os lados.

Com a paralisação atual, tem muita gente irritada com os motoristas, com os proprietários de postos de combustíveis, talvez, uns poucos com o governo – quando ele é o único responsável por esse e tantos outros transtornos sociais.

Intenciono que não só os caminhoneiros, mas todos os brasileiros – independente de suas profissões – que têm força moral e sociopolítica esforcem-se para que todos tenhamos um país justo, inclusive no que se refere aos impostos que pagamos, os quais são escorchantes em demasia.                                   24/05/2018