quarta-feira, 18 de junho de 2014

A SELEÇÃO PODE RESOLVER O TRÂNSITO AUTOMOTIVO

            No dia 17 de junho de 2014 houve jogo do Brasil, na copa do mundo.
 
            Enquanto eu resolvia meus assuntos contábeis, de forma concentrada, os vizinhos esbravejavam e xingavam vários elementos em diversas situações.
 
            Desconhecia o adversário brasileiro, todavia, supus que o placar não diferia de 0 X 0, visto que não ouvira um espoucar de rojão sequer, o qual seria mais certeiro do lado brasileiro, dificilmente surgiria algum imprevidente do outro lado para fazê-lo.
 
            Soube mais tarde que a peleja iniciara-se às 16 horas. Por volta das 17 horas, dirigi o carro com destino a 8 quilômetros.
 
            Nessa distância, 20 veículos cruzaram por mim, 3 ultrapassaram-me, e eu ultrapassei um que rodava muito devagar. Portanto, cruzei com 2,5 veículos a cada quilômetro, e a cada 6,6 km um veículo ultrapassou-me. Os oito quilômetros que, de rotina, percorro em 25 minutos fiz em 14 minutos, o que permitiu-me imprimir a velocidade média de 34 quilômetros horários, o que é excelente para o trânsito urbano; e, ainda, economizei 44% do tempo habitual.
 
            Há cerca de 3 anos, elucubrei que em 10 anos por volta do ano 2021 ninguém conseguiria locomover-se de carro, porém, estudiosos do trânsito preveem que isso pode acontecer bem antes na Europa.
 
            Assim, por acaso, descobri a solução para o trânsito na hora de pico eliminar a hora de pico , o que desconstruirá o trânsito da hora de pico.
           
 Foi uma experiência prazerosa dirigir sem trânsito em uma via de grande movimento (avenida Erasto Gaertner, Curitiba, estado do Paraná); do início ao fim, eu poderia contar os veículos em movimento nos dedos de uma só mão.
 
            Solução: planejar e executar jogos da seleção brasileira de futebol na suposta hora de pico do trânsito. Os que dirigirem nesse horário não encontrarão trânsito pesado, muito pelo contrário, dado que a grandiosíssima maioria, cerca de 99,999% dos nativos e simpatizantes estarão assistindo aos jogos.
 
            Às 18 horas, saí de novo, o meu sonho de consumo tinha se esvaído. As ruas estavam repletas de veículos, conjecturei o término do jogo; mas, ainda bem, não havia carros buzinando, sendo dirigidos por tresloucados motoristas. Pensei: será que o Brasil perdeu?
 
            Fui ao supermercado, no qual havia bastantes clientes. O vigia culpava o caixa pelo mau resultado. Não me contive e perguntei-a se o time deles havia perdido, ela respondeu que havia empatado por 0 X 0. Perguntei pelo adversário, ela respondeu que foi o México, acrescentou que não tinha responsabilidade alguma pelo resultado, porém, estava muito feliz por que folgaria no dia do próximo jogo, que torceria muito por um resultado melhor. Desejei-lhe sorte, e segui o meu trajeto.
 
           
É intrigante perceber que promissoras resoluções surgem de maneira inesperada.
 
P.S.: E para que a hora de pico não seja postergada e, ainda, incrementada por algazarras, cornetadas e buzinaços é só o time brasileiro perder, ou, no máximo empatar. Fácil assim!                                     18/06/2014
 
 
 

 
 
 
 

segunda-feira, 9 de junho de 2014

NÃO SEI TUDO QUE SABEM

Tem algum restaurante que você recomenda por aqui?
No Shopping Água Verde!
Onde é?
No Shopping Água Verde!
Eu não sei onde é o Shopping Água Verde!
Você vira à esquerda na próxima rua e vai encontrá-lo.
Obrigado!
 
          Viro à esquerda na próxima rua, e no meio da quarteirão pergunto à outra pessoa:
O Shopping Água Verde é para cá? apontando a direção para a qual caminhava.
Não, é no sentido contrário.

          Pode ser que essa pessoa não soubesse distinguir direita e esquerda, porém, descartando a hipótese, pergunto: Porque é que muitas pessoas ( a maioria) acha escrevo acha porque nem pensar sabe, ou acha que sabe que todos sabem tudo que ela sabe? 
 
          As pessoas se perguntam se sabem tudo o que todos os outros sabem? Se a resposta fosse afirmativa e verdadeira só teríamos gênios e semi-deuses neste neste planeta. É justo nesse ponto que contesto que todo ser humano seja racional. Tal assertiva é por demais controversa; penso que a minoria de nós o é na total acepção da sentença.  

          Seria ótimo que eu fosse racional, que soubesse tudo o que os outros sabem, o processo constituir-se-ia uma progressão geométrica até o ponto em que deteria o conhecimento universal. Saberia tudo, inclusive quais as mulheres que me consideram se é que existe alguma atraente e/ou irrestível. Tomaria todas as decisões de forma acertada, não precisaria de conselhos e ensinamentos de quaisquer outrem.
 
          Penso que só não conheceria o futuro, porquanto, ninguém o conhece; porém, como portador do conhecimento infinito teria aparatos suficientes para prevê-lo, o que já ajudar-me-ia deveras. No entanto, haveria um inconveniente, todos os outros saberiam o que eu sei. Não que tenha um segredo macabro, só que não gostaria que os outros conhecessem o âmago do meu, sou egoísta, ele só pertence a mim. 
 
          Naquelas poucas horas em que me destaco por algum parco conhecimento obtido ao longo de minha existência, por ventura, com bastante esforço, não teria os raros e pequenos deleites. Outro empecilho, as mulheres que considero atraentes, charmosas e coisas tais saberiam disso, e como é que eu ficaria como portador de enorme pudicícia? Só se eu tivesse conhecimento também para suplantar mais essa inépcia. 
 
          Se todos soubéssemos tudo, todos teríamos as mesmas capacidades e, nesse aspecto, todos seríamos iguais. Agora, já hesito se seria mesmo tão espetacular, nada haveria que nos impulsionasse, visto que nada não precisaria de esforço, inclusive para viver bem, viver muito talvez para sempre com todo conforto e galhardia. Todos poderiam ser e ter tudo, quando, então, o tudo não seria o bastante para ser de todos e significar o tudo em conhecimento. Quem dedicar-se-ia ao que pouco, ou quase nada, vale? 
 
          Assim, sugiro que ao sermos perguntado, trabalhemos o próprio ser pelos menos, de forma superficial para entendermos que não sabemos tudo o que os outros sabem e vice-versa. Perguntemos se os outros conhecem determinado fato, se entenderam o que lhes explicamos.

           Após algumas décadas, só não encontrei um endereço dentre os inúmeros que procurei, talvez por não saber francês e falar um rudimentar inglês. Tais achados não se devem a mim, de maneira exclusiva, a maior parte deve ser atribuída a muitos, os quais deram-me as informaçãoes condizentes às procuras.

          Em muitos casos a pergunta é mais importante do que a resposta, não só porque é a origem dessa, mas porque as perguntas inteligentes conduzem respostas/resultados pertinentes que podem mudar o curso da história. 
 
          A pergunta é mais importante do que a resposta por ser a força-matriz de um processo qualquer, sem ela nada ou quase nada tem-se.

          O diálogo inicial poderia ser reescrito da seguinte forma:
Tem algum restaurante você que recomenda por aqui?
Sim, no Shopping Água Verde. Você sabe onde é?
Não, poderia explicar-me?
Você sai do prédio e vira naquela direção (apontando com a mão). Depois vira à esquerda (apontando com a mão, para que o interlocutor perceba a coerência ou não da fala com o gesto. Então, você vai encontrá-lo no meio do quarteirão. Você entendeu?
Sim! Obrigado! Tchau!
Por nada. Tchau! 
 
          Devemos e podemos lembrar que ao efetuar um questionamento queremos uma resposta satisfatória àquela; a menos que ela seja uma das ferramentas da oratória. Todavia, nesse caso, a intenção está desatrelada das verdadeiras perguntas e respostas.    25/02/2014