quarta-feira, 28 de agosto de 2013

GAIOLA SOBE-E-DESCE ESTÁTICA





        Talvez não haja muitas gentes claustrofóbicas. Você? Já se imaginou trancado em qualquer ambiente? Deve ser terrível!
         
          Será por isso – com exceção das solitárias – que as celas prisionais têm uma ampla grade em um dos lados em que há porta?
         
          Quando eu ouvia sobre pessoas que ficavam presas em escombros – por razões várias, tais como, terremotos, desmoronamentos e outros – ficava a pensar no desespero daqueles entes. Imaginava-me em uma situação similar e elucubrava como seriam os meus comportamentos e sentimentos; jamais cheguei sequer a vislumbrá-los com alguma verossimilhança.
         
         Porém, fiquei preso em um elevador, com mais duas pessoas. Pensei: será minha oportunidade de reconhecer-me claustrófobo, ou não. Fiquei entremeado com a excitação e o medo, o último poderia consequenciar um resultado desconfortável, quiçá perenizar-se. Outra: esta pessoa é interessante, bela e... Se ficássemos trancados – só os dois – poderia proporcionar-me o conhecimento desta estirpe externa de pessoa. A mente é pródiga...
       
         Nenhum de nós estava apreensivo. Entretanto, a iniciativa procedeu do terceiro ocupante — após isso constatei que a sua madureza transcendia a cronologia—, apertou o botão do alarme e gritou um nome próprio avisando-lhe que estávamos presos. Enfiou as mãos no vão entre a porta e a parede da gaiola sobe-e-desce, empurrou-a aos poucos e a porta cedia gradativamente. Estava na maior calma, disse que era rotina o cubículo móvel travar-se.
         


         Antes que o avisado chegasse para socorrer-nos a caixa foi aberta e por ela saímos.

         Perdi dois outros conhecimentos: o daquela pessoa — supostamente — digna de ser desbravada e o nome da pessoa libertadora de nós três, presos, não solitários e não apenados.  24/07/13

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