Talvez não haja muitas gentes
claustrofóbicas. Você? Já
se imaginou trancado em qualquer ambiente? Deve ser terrível!
Será por isso – com exceção das
solitárias – que as celas prisionais têm uma ampla grade em um
dos lados em que há porta?
Quando eu ouvia
sobre pessoas que ficavam presas em escombros – por razões várias,
tais como, terremotos, desmoronamentos e outros – ficava a pensar
no desespero daqueles entes. Imaginava-me em uma situação similar
e elucubrava como seriam os meus comportamentos e sentimentos; jamais
cheguei sequer a vislumbrá-los com alguma verossimilhança.
Porém, fiquei preso em um elevador,
com mais duas pessoas. Pensei: será minha oportunidade de
reconhecer-me claustrófobo, ou não. Fiquei entremeado com a excitação
e o medo, o último poderia consequenciar um resultado
desconfortável, quiçá perenizar-se. Outra: esta pessoa é interessante,
bela e... Se ficássemos trancados – só os dois – poderia
proporcionar-me o conhecimento desta estirpe externa de pessoa. A
mente é pródiga...
Nenhum de nós estava apreensivo. Entretanto, a
iniciativa procedeu do terceiro ocupante — após isso constatei que
a sua madureza transcendia a cronologia—, apertou o botão do
alarme e gritou um nome próprio avisando-lhe que estávamos presos.
Enfiou as mãos no vão entre a porta e a parede da gaiola
sobe-e-desce, empurrou-a aos poucos e a porta cedia gradativamente.
Estava na maior calma, disse que era rotina o cubículo móvel
travar-se.
Antes que o avisado chegasse para
socorrer-nos a caixa foi aberta e por ela saímos.
Perdi dois outros conhecimentos: o
daquela pessoa — supostamente — digna de ser desbravada e o nome
da pessoa libertadora de nós três,
presos, não solitários e não apenados. 24/07/13
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