Quando da minha primeira década vivencial tive uma musa que recém adentrara a maioridade legal. Não era linda, contudo, era um espécime digno das maiores atenções gerais.
Com alguma frequência solicitava-me o obséquio de acariciar-lhes os apoios terrestres, agradava-lhe os mínimos, passava pelos demais; às vezes pedia-me que me deslocasse um pouco rumo ao cume, o que era deveras deleitante, os hormônios esguichavam pelos poros e outros orifícios.
Encontrava-me deitado na cama defronte ao seu quarto, o qual possuía uma cortina de tecido leve, a circulação geral do ar residencial favorecia os meus instintos, aquele ser encontrava-se ao natural diante de um objeto refletor, que me obsequiava com dupla imagem frontal e simultânea e uma visão direta do reverso, aquilo era desumanamente devaneante.
Era
a sua lista telefônica ambulante, quando precisa de algum dos seus
fornecedores acudia-se a mim, vez ou outra convidava a ir até alguma
das lojas, ia na garupa da sua pedalante, pedi que me segurasse à
cintura guitarrina, quando não, que introduzisse ambas as mãos nos
bolsos de seu jeans, o que também era deveras inspirador a um
aprendiz ou mesmo profissional poeta.
Show de Jerry Adriani, Teatro Guaíra,
Curitiba - PR, dia 08/05/2016.
Certo
dia, quando assistíamos às imagens do quadrado transistorizado,
Jerry Adriani cantava. Ela fez-lhe dilaceradas observações,
disse-lhe que alguém daquele estirpe não se interessaria por alguém
de outro meio social, disse-me que ao menos para… certamente. A
traição introduziu o cabo da adaga nos meus músculos dorsais.
Show de Jerry Adriani, Teatro Guaíra, Curitiba - PR, dia 08/05/2016. |
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