Inúmeras pessoas
exercem suas atividades com excelência — quer sejam profissionais, quer sejam
por diletantismo —, o que não devem e/ou podem diminuir a admiração por muitos
e, ainda, trazem muitas conjecturas do seu porquê nas reflexões de alguns.
Soube de vários casos
que poderiam ilustrar a questão , entretanto, quereria salientar a história de
uma septuagenária artesã das linhas e tranças que no correr de uma década dedicou-se à atividade no afã
de ressignificar a sua existência após o estabelecimento de sua família
unicelular e para o complemento de sua renda.
Até iniciar-se como
vendedora em uma feira de artesanato para
auxiliar uma das filhas, só havia feito bordados em ponto cruz, costuras
simples e consertos para a própria
família, com nenhuma intenção de ganho financeiro. A convivência com outros artesãos da feira estimulou-a a
aprender algum ofício com eles, pôs-se a confeccionar cestas, cestinhas,
porta garrafa de vinho com jornal desatualizado — aquele que alguém leu ou não,
mas que é mais antigo que o de hoje — e,
também, fazia velas perfumadas,
das mais diversas cores, para a decoração dos lares a que muitas mulheres
dedicavam-se.
Migrou para a
fazedura de bolsas, porta-moedas e cintos utilizando lacre de lata de bebida e
a técnica do caseado, com a companhia auxiliar de linhas e agulhas.
Em pouco tempo pôde-se constatar, por meio de comparações, a superioridade do seu desempenho na
diferenciação de emaranhados iniciais em adereços.
Assim, enfeitou a
vestimenta de muitas jovens e, eventualmente, de balzaquianas e maduras mulheres.
Como toda moda tem o
seu fim, a dos adereços com lacres também encerrou-se. Entrementes, durante o
decréscimo do interesse público por tal ornamento guinou para o enfeite de
toalhas e panos diversos para cozinha com a técnica do macramê, porém, sem os
lacres. Desenvolveu sua habilidade com o auxílio primeiro de uma instrutora e,
posteriormente, com o das revistas pertinentes; os panos eram deveras
elaborados que muitas pessoas apenavam-se para enxugar seus utensílios de cozinha.
As tramas em macramê
atraíram a admiração de tantos quantos os viam: companheiros da feira de artesanato,
turistas nacionais e do exterior.
Algumas figuras
trançadas eram dignas de ser consideradas obras de artes; na verdade, eram-no.
Da mesma forma,
podem-se encontrar muitos outros trabalhos merecedores da mais elevada
consideração — independente da área de atividade. Também vê-se que o trabalho tem um componente de socialização para o ser humano, visto que é um ente gregário. 21/01/2010
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