domingo, 2 de setembro de 2012

CONFABULAÇÕES PÓSTUMAS


     Eu tenho meu cabelo cortado por uma mesma pessoa há quatro meses.
   Quando chego lá e há freguês na cadeira aguardo, e leio qualquer escritura, que sempre levo por prevenção; haja vista que as suas são tablóides com notícias de morte, ou de futebol, ou revistas antigas de celebridades, as quais me suscitam  ojeriza . 

     Pois bem, suponho que a sua habilidade de discurso embasa-se nessas bibliografias. É uma pessoa gentil, e por retribuição ouço muito os seus comentários, às vezes, entremeados por amenidades familiares e sociais nativas — de Curitiba. 

     Pouco falo, quando discordo, calo-me para não elevar os ânimos do quase monólogo.
    No primeiro corte que recebi em julho de 2009, o tema era o astro pop americano, Michael Jackson, a sua morte. 

    Dizia que era absurdo que se cobrasse ingresso dos fãs que queriam prestar a sua última homenagem, no caso, póstuma.
    O que teria sido feito do féretro? E qual motivo? Diziam-se que ele podia não ter morrido ou que fariam a necropsia a posteriori, e que aquilo era apenas o lado mercantil da não maior morte, já que ela não tem tamanho, mas, sim a maior repercussão na pauta artística dos últimos tempos. 

   Não que eu desgoste dele,  somos contemporâneos — éramos —, quase da mesma idade; embora não seja tiete, gosto de suas produções. Vi a sua vida na mídia por quase três décadas. 

   Reflexionava esporadicamente sobre a origem de tantos celeumas e misérias humanos, no que se referem ao seu âmago e comportamento social.
    Disse-lhe que era favorável à cobrança de ingresso ao seu velório, que iria quem quisesse e se o pudesse. 

     Mas aqui, há algumas inquirições:
     1) Quem quisesse ir e o pudesse, poderia ir. Ponto; 2) Quem pudesse e não o quisesse, não iria. Ponto; 3) Quem não quisesse e não o pudesse, não iria. Ponto; 4) Quem quisesse e não pudesse, não iria. Interrogação, e agora? 

     Eis uma questão sentimental dos fãs. Os não-sensíveis e/ou mercantilistas diriam: e daí? Mas também não seria possível admitir no Ginásio Staples Center, em Los Angeles, todos quantos o quisessem. De qualquer forma teria que se fazer uma seleção, a qual poderia ser por n métodos, sorteio ao vivo, seleção dos primeiros tantos a chegar em determinado local ou a acessar um designado site e obter uma senha, a qual seria mais seguro. Mas desconheço o processo de escolha. 

   Se, realmente, cobram ou não eu ignoro; entretanto, se cobram, eles encontraram uma maneira de selecionar os homenageandos. 

    
     Consta-me que ele não tenha feito shows gratuitos, salvo algumas campanhas fraternas em conjunto com outros renomados — USA for Africa (United Support of Artists for Africa) quando gravou com outros 46 artistas a famoso "We are the world" , em 1985. Mas o último show não se conviria que gratuito fosse, concorda? 
  
    Espero que comungue com a minha opinião, visto que a minha cabeleireira não consegui convencer.
   Lembre-se: Show business is always business! E se ele  pudesse ou puder saber o quanto ganharão depois de e com a sua morte, arrepender-se-ia ou arrepender-se-á de a ter  ocasionado.

    Onde quer que esteja, Michael Jackson, cante, dance, alegre a muitos, como poucos o sabem ou o souberam fazer.
     Só não se esqueça de se alegrar também. Urge-se!                                               10/07/09   
           

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