terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Um Desejo Arábico

     Entrei em uma loja de sandálias e calçados diversos. Atrás do balcão, havia um ancião que conversava com um cliente. Assim, fiquei ao lado esperando a minha vez. O proprietário perguntou-me se eu era segurança de com quem ele conversava. Eu disse que sim, em tom brincante.



    Após alguns minutos, eles terminaram e ele percebeu que eu não estava junto do primeiro homem. Ele sentiu-se um pouco desconsertado por sua inquirição. Então, perguntou-me o que eu queria. Disse-lhe que procurava um tirante para uma sandália de borracha.

    A esposa, que estava a poucos metros à sua retaguarda, aproximou-se, de forma célere, respondeu-me afirmativamente e dirigiu-se para pegar o produto. Eu disse-lhe a cor. e perguntou-me o número da sandália. Pegou-a e ma deu. Perguntei-lhe o preço e dirigi ao seu senhor para pagar.
No momento em que pagava, perguntei ao homem se ele era sírio, visto possuir um sotaque árabe. Respondeu-me que não, mas, sim, palestino. Perguntei-lhe se era muçulmano e se falava árabe. Respondeu-me positivamente para as duas questões.

    Considerando que sou deveras curioso — contudo, não mexeriqueiro —, perguntei-lhe se havia mesquita nesta cidade. Disse que sim; de imediato, a sua esposa interveio e explicou onde ela se situa. Pareceu- me que ela preocupava-se em economizar a energia do seu senhor ao exercitar a sua capacidade de expressão verbal. Acrescentei-lhes que houvera visitado uma em outra cidade. Ela era bonita, bem cuidada e as pessoas eram solícitas.

    Paguei-a, todavia, quando me dirigia à porta, dei alguns passos de volta e perguntei-lhe sobre o conflito na faixa de Gaza; se um dia haveria paz por lá.

Ele respondeu certeiramente que sim.

    Nesse quesito, a esposa não participou. Seria um sujeito exclusivo dos homens na seara muçulmana? Não ousei adentrar naquela intimidade.

    Outra questão lancei, sobre quando seria. Disse que logo, em 2025.

    Outro petardo, como seria? Ele disse que um país seria destruído e o outro reinaria em glória.

    Ao inquirir sobre qual seria destruído, ele falou, lógico que será Israel. Interjeicionei, sério? Ele afirmou, sim, se Deus quiser.

    Resta saber, qual Deus vencerá? Se o Deus dos judeus, abençoando-os com a vitória da supremacia das forças armadas israelenses ou o Deus dos muçulmanos, com a destruição dos judeus e dando aos palestinos o gosto da obtenção de um suposto território livre, independente, das diversas forças bélicas e políticas alienígenas e não islâmicas.

    Esperemos pelo decorrer do próximo ano, fins saber se as suas palavras são proféticas ou apenas desejos pátrios e religiosos verbalizados.    26/10/2024

Um comentário:

  1. Excelente crônica! Me fez pensar sobre as contradições que existem nos conflitos. Cheguei à conclusão de que não se trata de bem ou mal, e de que numa guerra há somente perdedores.

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