Num intervalo de aula passava próximo a uma árvore, vi uma flor e peguei-a, tinha a razoável forma de um copo, de bordas curvas e margeadas de amarelo, seu fundo, ou melhor a sua base era arredondada de um lado, tinha o pedúnculo oco no centro, por onde passavam uns filetes.
Tive vontade de oferecê-la a uma mulher que a merecesse — você — mas não pude fazê-lo no momento.
Entrei na capela e agradeci várias coisas, dentre elas a de poder estar com aquela flor sob o meu poder (prefiro: companhia) e a inspiração de admirá-la.
Subi para o andar que deveria, e lá do alto do edifício pensei em soltá-la, poderia pensar: que crueldade iria fazer; mas não o fiz, não por causa do ato, porque ela era tão leve que não sofreria uma escoriação sequer, mas por haver alguns seres retirando as folhagens do solo, que poderiam ficar perplexos diante de tal beldade, pensando até que fosse uma flor extra-terrena.
Como não intencionava interromper-lhes a tarefa, resolvi descrever o evento a alguém que tivesse sensibilidade o suficiente para querer ter vivido os instantes em que nos defrontamos, ou melhor, passamos unidos... 24/02/83
Lindo poema,imaginei cada detalhe desta flor. Recebo essa flor em meu pensamento.
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