Está-se com a querida
companheira em terras longínquas, em um hotel que não oferece além de um usual
frigobar e dois copos para a situação.
Ela tem um quase gravídico desejo por vinho e
um queijo – não tão habitual –, e agora, o que fazer? Visto que uma parceira
contrariada é pior do que não tê-la há tempos. O melhor é que parte da empreitada está
posta, estão nas ruas.
Começam a procurar vinho de meia garrafa, já que só um
bebe. Além do queijo, pão especial - não servem o francês, o de forma, o
integral -, italiano é o parceiro ideal para o que deleitava Dionísio e para o
produto lácteo (que também não haveria de ser muçarela, frescal, prato e tantos
outros), quem sabe um parmesão ou um emmental.
Mas para cortar o queijo e o pão não havia
qualquer apetrecho que pudesse desempenhar tal façanha.
Vai-se a uma padaria, a uma outra, um
mercado, e mais outro. E nada de agrupar os itens desejados.
Passam-se em frente a uma loja de caça e
pesca, no qual há armas mil – até repelente para mosquitos –, mas nada que
servisse, exceto um canivete suíço, porém, o custo não é convidativo.
Depois de conhecer a loja de lingerie SI-SI,
a de calçados TO-TÔ, chega-se ao supermercado TÁ-TÁ, onde há vinhos e queijos,
contudo, nada de objetos cortantes de queijo, mesmo havendo outros talheres à
venda. Solução: levar uma colher de sopa para cortar
o queijo.
Ao retornar ao quarto de hotel, ela sugere
usar a sua chave-tetra, não para abrir a garrafa de vinho, mas para empurrar a
rolha, cujo resultado prático seria o mesmo. Ele acata a ideia e tento fazê-lo,
e não é que que a chave se quebra. Ela desespera-se e pergunta como entrará em
sua casa.
Ele a acalma, e partem para o que seria o mais óbvio, pedir
emprestado um saca-rolhas ao hotel. Então, fazem-no.
Após tantas celeumas para se conseguir o que
precisavam, por fim, tomam vinho com queijo e pão novidadeiro, e como
sobremesa: tartatela milhojas con dulce de leche. 26/04/2019