Ela umedecia a cama quando criança,
isso prolongou-se até os seus doze anos de idade. Envergonhava-se
muito disso, ainda mais que sua família zombava-a bastante. Quando
acontecia o fato, fazia de tudo para camuflá-lo, escondiam as roupas
molhadas, lavava as quando encontrava-se sozinha em sua casa, porém
nem todas as vezes conseguia êxito.
Durante atividades quaisquer tinha
que fazer interrupções para dar vazão ao líquido perturbador,
ocorria inúmeras situações embaraçosas, tais como, na celebração
do aniversário de um colega de sala de aula quando ingeriu
refrigerantes em demasia, e durante o trajeto de volta à casa
molhou-se dentro do ônibus. Coberta de tamanha vergonha, fez
furinhos para os olhos num saquinho plástico para compras e
vestiu-o, ao descer do ônibus correu mais do que pensava poder até
a sua morada.
Após esse acontecimento tornou-se
reclusa, não se sociabilizando com quem quer que fosse. Certa vez,
de novo em sala de aula, houve uma encenação cômica, e ela
divertiu-se muito, estava completamente relaxada, porém quando
levantou-se a água turva escorreu do assento ao chão; os colegas
foram aos céus com mais motivo para grandes gargalhadas, agora
acompanhadas de zombarias direcionadas à pobre adolescente.
Passados anos, e não ocorrendo mais a
sua incapacidade para a contenção de líquido, tinha vida normal.
Isso até o dia em que estava sob grandes ânimos com uma companhia.
Desde há muito, recusava-se ao contato, sobretudo aos mais
ardorosos, no entanto, nessa ocasião, em que estava sobre o corpo de
seu flerte, ela se descontraiu sob os efeitos das carícias e os
músculos uretrais não foram resistentes o bastante para que não
molhasse as vestes de ambos e do sofá que se cumpliciava, mesmo sem
dar consentimento.
A ambiência tornou se constrangedora,
pegou seus pertences, saiu correndo sem balbuciar uma palavra sequer,
nunca mais reviu a sua companhia, a despeito de intensas e
prolongadas tentativas da abandonada.
Após esse evento tornou-se deveras
antissocial; aos 22 anos de idade era virginal e pudica, não saía
nem com os colegas de trabalho; quando a incontinência aquosa
reapareceu. Ele era magra o bastante para que o
seu físico não despertasse o interesse de outrem, não obstante a
face harmoniosa e bela.
Por sua incapacidade de controle,
houve por bem usar fraldas jovens – estava longe da terceira idade
para utilizá-las com outro adjetivo – e teve que recompor grande
parte de seu vestuário. Aquela moça esquálida tornou-se um
mulherão com quadris para mais de metro; quando a ala masculina
acordou para aquela bonita face e curvilíneas e largas partes
inferiores.
O assédio tornou-se de tal monta que
atingiu o seu humor, considerava os homens com os mais vis atributos,
visto que percebeu a razão da transformação dos que cruzavam a sua
trajetória. Porém, aconteceu de apaixonar-se por um desses;
antevendo o fiasco, abriu-lhe o verbo, o assombro afugentou-o.
O desinteressante é que até as
coisas pensadas desimportantes não são tanto quanto se espera;
conhecer até a nossas secreções e excreções tem valia para o
convívio social, sobretudo o contemporâneo que prima pela habitação
e aglomeração urbanas. 12/07/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário