Eu tenho meu cabelo cortado por uma
mesma pessoa há quatro meses.
Quando chego lá e há freguês na
cadeira aguardo, e leio qualquer escritura, que sempre levo por prevenção; haja
vista que as suas são tablóides com notícias de morte, ou de futebol, ou
revistas antigas de celebridades, as quais me suscitam ojeriza .
Pois bem, suponho que a sua
habilidade de discurso embasa-se nessas bibliografias. É uma pessoa gentil, e
por retribuição ouço muito os seus comentários, às vezes, entremeados por
amenidades familiares e sociais nativas — de Curitiba.
Pouco falo, quando discordo, calo-me
para não elevar os ânimos do quase monólogo.
No primeiro corte que recebi em
julho de 2009, o tema era o astro pop americano, Michael Jackson, a sua morte.
Dizia que era absurdo que se
cobrasse ingresso dos fãs que queriam prestar a sua última homenagem, no caso,
póstuma.
O que teria sido feito do féretro? E
qual motivo? Diziam-se que ele podia não ter morrido ou que fariam a necropsia
a posteriori, e que aquilo era apenas o lado mercantil da não maior morte, já
que ela não tem tamanho, mas, sim a maior repercussão na pauta artística dos
últimos tempos.
Não que eu desgoste dele, somos contemporâneos — éramos —, quase da
mesma idade; embora não seja tiete, gosto de suas produções. Vi a sua vida na
mídia por quase três décadas.
Reflexionava esporadicamente sobre a
origem de tantos celeumas e misérias humanos, no que se referem ao seu âmago e
comportamento social.
Disse-lhe que era favorável à
cobrança de ingresso ao seu velório, que iria quem quisesse e se o pudesse.
Mas aqui, há algumas inquirições:
1) Quem quisesse ir e o pudesse,
poderia ir. Ponto; 2) Quem pudesse e não o quisesse, não iria. Ponto; 3) Quem
não quisesse e não o pudesse, não iria. Ponto; 4) Quem quisesse e não pudesse,
não iria. Interrogação, e agora?
Eis uma questão sentimental dos fãs.
Os não-sensíveis e/ou mercantilistas diriam: e daí? Mas também não seria
possível admitir no Ginásio Staples Center, em Los Angeles, todos quantos o
quisessem. De qualquer forma teria que se fazer uma seleção, a qual poderia ser
por n métodos, sorteio ao vivo, seleção dos primeiros tantos a chegar em
determinado local ou a acessar um designado site e obter uma senha, a qual
seria mais seguro. Mas desconheço o processo de escolha.
Se, realmente, cobram ou não eu
ignoro; entretanto, se cobram, eles encontraram uma maneira de selecionar os
homenageandos.
Consta-me que ele não tenha feito
shows gratuitos, salvo algumas campanhas fraternas em conjunto com outros
renomados — USA for Africa (United Support of Artists for Africa) quando
gravou com outros 46 artistas a famoso "We are the world" , em 1985. Mas o último show não se conviria que
gratuito fosse, concorda?
Espero que comungue com a minha
opinião, visto que a minha cabeleireira não consegui convencer.
Lembre-se: Show
business is always business! E
se ele pudesse ou puder saber o quanto
ganharão depois de e com a sua morte, arrepender-se-ia ou arrepender-se-á de a
ter ocasionado.
Onde quer que esteja, Michael
Jackson, cante, dance, alegre a muitos, como poucos o sabem ou o souberam
fazer.
Só não se esqueça de se alegrar
também. Urge-se! 10/07/09