terça-feira, 31 de dezembro de 2024

An Arabian Wish

     I went into a store that sold sandals and other shoes. There was an old man behind the counter talking to a customer. So I stood off to the side and waited my turn. The owner asked me if I was the security guard he was talking to. I jokingly said yes.


    After a few minutes they finished and he realized I wasn't with the first man. He felt a little uncomfortable with his question. So he asked me what I was looking for. I told him I was looking for a strap for a rubber sandal.

His wife, who was a few feet behind him, quickly approached, said yes, and went to get the product. I told her the color and she asked for the number of the sandal. He took it and gave it to me. I asked him the price and went to his master to pay.

    As I was paying, I asked the man if he was Syrian because he had an Arabic accent. He said no, he was Palestinian. I asked him if he was Muslim and if he spoke Arabic. He answered both questions in the affirmative.

Since I'm very curious - but not a gossip - I asked him if there was a mosque in town. He said yes; immediately his wife intervened and explained where it was. It seemed to me that she was anxious to conserve her husband's energy by exercising his capacity for verbal expression. I added that I had visited one in another city. It was beautiful, well maintained, and the people were helpful.

    I paid for it, but as I was heading for the door, I took a few steps back and asked him about the conflict in Gaza; if there would ever be peace there.

He answered with certainty that there would be.

    His wife was not involved. Was this an issue for men only in the Muslim world? I didn't dare go into that intimacy.

    I asked another question about when it would be. He said soon, in 2025.

    Another question, what would it be like? He said that one country would be destroyed and the other would reign in glory.

    When I asked which one would be destroyed, he said of course it would be Israel. I interjected, "Really? He said, yes, God willing.

    The question is, which God is going to win? Whether the God of the Jews, who blesses them with the victory of the supremacy of the Israeli armed forces, or the God of the Muslims, who destroys the Jews and gives the Palestinians a taste of getting a supposedly free territory, independent of the various foreign and non-Islamic war and political forces.

    Let's wait for next year to see if his words are prophetic or just verbalized patriotic and religious desires.                                                 10/26/2024

Um Desejo Arábico

     Entrei em uma loja de sandálias e calçados diversos. Atrás do balcão, havia um ancião que conversava com um cliente. Assim, fiquei ao lado esperando a minha vez. O proprietário perguntou-me se eu era segurança de com quem ele conversava. Eu disse que sim, em tom brincante.



    Após alguns minutos, eles terminaram e ele percebeu que eu não estava junto do primeiro homem. Ele sentiu-se um pouco desconsertado por sua inquirição. Então, perguntou-me o que eu queria. Disse-lhe que procurava um tirante para uma sandália de borracha.

    A esposa, que estava a poucos metros à sua retaguarda, aproximou-se, de forma célere, respondeu-me afirmativamente e dirigiu-se para pegar o produto. Eu disse-lhe a cor. e perguntou-me o número da sandália. Pegou-a e ma deu. Perguntei-lhe o preço e dirigi ao seu senhor para pagar.
No momento em que pagava, perguntei ao homem se ele era sírio, visto possuir um sotaque árabe. Respondeu-me que não, mas, sim, palestino. Perguntei-lhe se era muçulmano e se falava árabe. Respondeu-me positivamente para as duas questões.

    Considerando que sou deveras curioso — contudo, não mexeriqueiro —, perguntei-lhe se havia mesquita nesta cidade. Disse que sim; de imediato, a sua esposa interveio e explicou onde ela se situa. Pareceu- me que ela preocupava-se em economizar a energia do seu senhor ao exercitar a sua capacidade de expressão verbal. Acrescentei-lhes que houvera visitado uma em outra cidade. Ela era bonita, bem cuidada e as pessoas eram solícitas.

    Paguei-a, todavia, quando me dirigia à porta, dei alguns passos de volta e perguntei-lhe sobre o conflito na faixa de Gaza; se um dia haveria paz por lá.

Ele respondeu certeiramente que sim.

    Nesse quesito, a esposa não participou. Seria um sujeito exclusivo dos homens na seara muçulmana? Não ousei adentrar naquela intimidade.

    Outra questão lancei, sobre quando seria. Disse que logo, em 2025.

    Outro petardo, como seria? Ele disse que um país seria destruído e o outro reinaria em glória.

    Ao inquirir sobre qual seria destruído, ele falou, lógico que será Israel. Interjeicionei, sério? Ele afirmou, sim, se Deus quiser.

    Resta saber, qual Deus vencerá? Se o Deus dos judeus, abençoando-os com a vitória da supremacia das forças armadas israelenses ou o Deus dos muçulmanos, com a destruição dos judeus e dando aos palestinos o gosto da obtenção de um suposto território livre, independente, das diversas forças bélicas e políticas alienígenas e não islâmicas.

    Esperemos pelo decorrer do próximo ano, fins saber se as suas palavras são proféticas ou apenas desejos pátrios e religiosos verbalizados.    26/10/2024

domingo, 3 de dezembro de 2023

 

Apito nas Montanhas

Aquilo — o subir montanhas no estado Paraná — surgiu de uma forma casual. Tínhamos ido a um restaurante mais ou menos ermo para comer trutas, no Paraíso das trutas, em Piraquara.

Após esse desfrute, o Duque Afonso convidou-me para explorar o Morro do Canal (1.373 m de altitude). Fizemo-lo, era pouco baixo, mas as dificuldades vivenciais, muitas vezes, estão intrinsecamente conectadas às experiências ou à ausência delas.

Subimos tantos outros morros e outras elevações (sem distinções técnicas em relação à altitude ou à formação geológica), o grupo cresceu, mas era irregular quanto ao número e à sua composição.


Muitas vezes, pensava que não conseguiria subir ao ponto objetivado, visto que alguns são deveras difíceis. Subíamo-las aos domingos; às segundas-feiras, a vontade era ficar imóvel devido à intensidade e a multi localização das dores, principalmente nas pernas.

O acesso nunca era “mamão com açúcar”, levava o meu apito, o qual seria para chamar alguns dos subintes, caso houvesse necessidade, nunca precisei fazê-lo.

As metas não atingidas foram o Pico Paraná (1.877 m), município de Antonina, e o Pico do Marumbi (1.539 m), município de Morretes.

Soube que alguns se perderam, outros jamais voltaram. N162023

domingo, 12 de fevereiro de 2023

QUANTO MAIS UMA NAÇÃO LÊ, MAIORES SERÃO AS SUAS PERSPECTIVAS

Quando leio uma reportagem, e os comentários são liberados, gosto de lê-los para saber o que algumas pessoas pensam sobre o asunto, como se comunicam, ver os níveis de pensamento, de expressão e de respeito para com outrem, o quanto se importam com os seus derredores. É possível ter uma vaga ideia do nível de cidadania desse grupo de brasileiros.

Muitas vezes, a grande maioria dos comentários causa um desencanto com o povo brasileiro, se é que um pequeno grupo representa estatisticamente a populaçao: se as pessoas que leem pensam e se comunicam de forma estapafúrdia, o que esperar dos que não leem indepenente da razão de não fazê-lo. Isso também não significa que os leitores sejam melhores cidadãos que os não-leitores.

Quando o assunto é política, a certeza são os impropérios e as tentativas de triturar o outro. Raros são os comentários simpáticos, centrados e inteligentes (talvez esses evitem entrar em brigas). Para resumir os comentários em uma palavra: deprimentes.

Se essa empreitada de nada adianta, qual é vantagem de se ler os comentários de um artigo? Serve apenas para ter uma leve presunção do quanto somos bons ou ruins brasileiros.

No entanto, ao ler o convite da Folha de São Paulo: "Como livrarias impactaram a sua vida, leitor? Deixe seu relato", fiquei consternado com a outra versão outro nível de comentadores. Quase todos, talvez seja por um momento de comoção própria devido ao fato anunciado, conseguiram mostrar-me que possuem uma parte boa, e se não são todos que a têm, deveriam procurar desenvolvê-la e continuar a cultivar. Contam as suas relações com a literatura, os seus aprendizados e ensinamentos por meio dos livros. Não há interferência na escrita dos testemunhos, apenas não escrevi os seus nomes, visto que alguém pode desgostar.

Percebi que temos muitos brasileiros interessados na cultura, que se preocupam com algum segmento da nossa sociedade e anseiam por melhorias para esta nação.

Muitos sentiram empatia pela falência da empresa, mesmo tendo em vista que uma parcela populacional execra os empresários, responsabilizam-nos por grande parte das mazelas nacionais, em geral. Alguém disse que os empresários só “ganham dinheiro porque os trabalhadores dele trabalharam” [sic]. Mas claro, quando o trabalhador abrir uma empresa e tiver lucro (ao contrário do que vinha ocorrendo com a Livraria Cultura), ele ganhará dinheiro e não mais será um trabalhador, não obstante terá que continuar trabalhando sob a alcunha de empresário. Simples assim, na teoria.

Todas as empresas que fecham entristecem-me, mas as livrarias, bem mais.

Leia os comentários, os mais belos em essência de todos os que li, até então!


Como livrarias impactaram a sua vida, leitor? Deixe seu relato

https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/02/como-livrarias-impactaram-a-sua-vida-leitor-deixe-seu-relato.shtml 12/02/2023

Reportagem sobre a falência da Livraria Cultura: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/02/livraria-cultura-tem-falencia-decretada-pela-justica.shtml

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.

LM: Sem exagero, para mim, as livrarias são como templos do saber. Folhear um livro, ler alguns trechos, indagar o autor que sempre está presente na obra. Além disso, essas livrarias são mais que um lugar de vender livros. Elas oferecem um espaço de lazer com café, ou seja, um ambiente ideal para a socialização. Um pena a Livraria Cultura deixar de existir. Tenho uma ótima lembrança da Livraria Cultura da Avenida Paulista. Ali, eu adquiri obras como Simpatia pelo Demônio e Esaú e Jacó.

EB: Acabaram as carruagens. Não se usa mais chapeu e terno aos domingos.A internet veio com os livros digitais. Elon Musk e o seu chat inteligente.

MSMB: Cresci amando os livros e as livrarias. Não só a Cultura, mas também muitas outras. Para mim, o prazer de pegar um livro na estante de uma livraria, folhear, ler alguns trechos, sentir o papel novinho, o cheiro dos livros, o visual das estantes, esse prazer nunca vou encontrar na compra de livros online. Passei horas em livrarias, e é com tristeza que vejo quase todas fecharem as suas portas. Entendo que devemos andar junto com a evolução, em todos os sentidos. Mas isso não impede a nostalgia.

MG: Quer saber, quando a Gradus Primus fechou suas portas ninguém lamentou. Salve Piazza, salve Toninho. E por muito tempo ela funcionou na Alameda Santos, perto da Cultura, ao lado do Massimus. É isso.

MG: Livros e livrarias foram e ainda são uma das minhas atividades preferidas, cresci em uma casa onde havia apenas uma pequena enciclopédia que meu pai comprou à prestações, assim eu lia tudo que caía nas minhas mãos, de jornal velho à bulas de remédio. Para mim livrarias são um refúgio seguro nesse mundo cada vez mais acelerado e um réquiem para todas as livrarias que fecharam.

CS: Para mim, shopping sem livraria não tem sentido. Quando eu ia na Paulista, passava na livraria Cultura. Era como visita a casa dos pais. Sentimento de segurança e aconchego. Em Março irei a passeio para Lisboa, Porto e Paris e já escolhi as minhas livrarias... Em Porto, por exemplo, tem a livraria Lello que cobra 5 Euros para entrar e este valor é integralmente abatido na compra de um livro. A livraria cultura era tão singular que poderia ter feito algo igual... cobrando R$10,00 por exemplo...

RC: Em Lisboa visite a brasileirissima Livraria da Travessa! :)

MG: Calvin, embora tardia, sua sugestão é excelente, eu visitei a Livraria Lello em 2018 e paguei os 5 euros para entrar, fiquei deslumbrada com tudo, principalmente a escadaria, comprei um livro e abateram os cinco euros do valor do livro. Eu nem me importaria se não devolvessem o dinheiro da entrada.

DBL: Falência da Livraria Cultura é uma derrota gigantesca de uma metrópole como São Paulo. É a mais significativa derrota da cultura, do conhecimento e da classe média paulistana. Marcou minha juventude.

RA: Impactante passar por São Paulo, ir ao center norte e não ver procurar a cultura lá e não achar mais. Tipo abelhas que tiveram suas colmeias destruídas. Sim faz tempo já que fecharam a loja lá. Mais o passeio pelos corredores do shopping sempre me leva o olhar para aquele espaço. Podem passear e fazer compras família. Meu canto era lá dentro.

AMP: Na Cultura, em Campinas, localizada no Shopping Iguatemi, que também abrigava a Saraiva, os colaboradores perguntavam quando eu deixava de fazer minha dobradinha, nas quintas-feiras. Assim, as quebra dessas duas abalou-me profundamente. Alguns, frequentam igrejas, outros, botecos. Eu frequento livrarias. E Cultura e Saraiva eram meu segundo lar. Aqui, em Ribeirão, onde resido atualmente, ainda temos a excelente Travessa, minha nova casa. Os amigos, quando querem me ver, passam por lá.

AMP: Marina e Jaime, obrigado pelos gentis comentários. Lendo as postagens e comentários fiquei encantado em saber que há outras pessoas que têm os mesmos hábitos. Ontem, mesmo, passei na Travessa e comprei um box, da Rocco, em três densos volumes, com a obra completa de Clarice Lispector (cartas, crônicas e ficção). Comecei a ler logo que cheguei em casa. Fui dormir às cinco da manhã. A noitada valeu a pena. Puro prazer!

JS: Cultura, Saraiva, Travessa, SBS, Fnac... e as tantas bibliotecas universitárias são meus templos desde pequenino. É bom ter ciência de mais correligionários!

AMP: Vivo em função dos livros. Minha casa é praticamente uma biblioteca, com estantes de livros em todos os cômodos. Já cataloguei mais de três mil livros, na medida da minha disponibilidade de tempo. Como estou na metade, o acervo total deve ser de seis mil livros. Naturalmente, era o frequentador assíduo da Cultura (no Conjunto Nacional, em Campinas e Ribeirão Preto). Quando morava em Moema, as funcionários da Saraiva, que eu frequentava diariamente, chegaram a decorar meu CPF. Na Cultura, em Camp

SGT: Moro em uma pequena cidade do interior de São Paulo. Sem trânsito, pouca violência e com ainda alguns vestígios da Mata Atlantica. Entretanto, teatros, cinemas e livrarias, simplesmente não existem por aqui. A cidade de São Paulo, com toda a sua loucura, oferece (como dizem os Titãs) diversão e arte. Por isso mesmo, quando ia a " Pauliceia desvairada ", sempre arranjava um jeito de ir na Cultura. Se a vida é feita de bons momentos, com certeza a livraria Cultura proporcionou esses a mim.

AC: O que esperar de um lugar onde só há botecos?

EF: Ultimamente só vejo abrirem bares e hamburguerias na cidade. É tudo o que a massa brasileira tem disposição e dinheiro pra consumir. Que país triste.

AMM: A primeira grande livraria que frequnetei foi Civilização Brasileira, em Salvador. Que maravilha ir de estante em estante vendo os livros antigos e os lançamentos. Fiquei triste pela Cultura e espero que a Saraiva se recupere logo. São ambientes indescritíveis que só os amantes dos livros podem entender e sentir.

EVNC: Antes mesmo de frequentar as livrarias, minhas memórias literárias me levam de volta à Biblioteca Pública Municipal de Gov. Valadares, anos 60, sob administração do Prof. Paulo Zappi. Ao mesmo tempo que nos oferecia o que de melhor dispunha, era o guardião zeloso daquelas obras proibidas que os adolescentes tanto almejávamos folhear. Era uma luta de gato e rato. O Decameron era campeão. Só os +18 anos tinham acesso.

MDDM: Aos 14 anos, já frequentava a Livro-7, em Recife. Livraria à frente do seu tempo, comercializava obras mas também permitia que lêssemos lá, onde havia vários bancos circulares - para integrar os leitores, além de chazinho (gratuito). Quando comecei a trabalhar, aos 16, já leitora habitual, mensalmente comprava um livro e/ou vinil lá. A Livro 7 fez parte da cultura de algumas gerações de pernambucanos, tal como a Livraria Cultura de muitos brasileiros. Dói saber da decretação de sua falência.

PC: A Saraiva do Center Norte tinha um auditório, local em que presenciei vários amigos lançando livros, e um setor de livros infantis gigante. Enquanto isso jovens sentavam para conversar e flertar. Videogames, dvds, ingressos em shows, livros e revistas, além do café do Starbucks. Lembro-me uma funcionária que estava lá há mais de vinte anos e de uma recepcionista do Starbucks que era tatuadora e abriu um studio de tatuagem. Lembranças, enfim, enterradas.

LCB: Perfeito, o comentário anterior. O relacionamento com as livrarias não pode ser apenas comercial, é algo afetivo. Entrar num ambiente como o da Cultura é encantador, pode-se procurar por um livro (ou DVD) específico ou flanar pelas estantes vendo as capas, lendo as orelhas, vendo as ilustrações e selecionar alguns para sentar num canto e ler alguns trechos. No final, devolver todos aos seus lugares ou levar alguns para casa (passando pelo caixa, naturalmente). É um programão que não pode faltar!

JG: Livrarias, assim como marcas como Volkswagen, Nestlé e desenhos animados dos studios Hanna Barbera fazem parte de minha memória afetiva. Comprar um livro não é uma atividade meramente comercial. Considero mais um ritual onde não só você escolhe o livro mas o livro também escolhe você. Escolher um livro é a arte do garimpo, exige tempo, paciência e determinação. Triste notícia a falência da Cultura. Ponto para o analfabetismo funcional.

CF: Jorge, as pessoas não pararam de ler. Quem ama literatura vai amar a vida inteira. As pessoas passaram a comprar livros e ler em casa, no jardim, deitada numa rede...

CAAA: A vinda à SP, moro em Natal, sempre tem um espaço para uma visita à Livraria Cultura. O ambiente é acolhedor e inspirador. Fiz isso nessa última quarta-feira. Entre a garimpagem de livros sobre a história da medicina ainda tive a felicidade de fazer uma foto das escadas internas. Vou guardá-la de recordação.

Oxalá tivéssemos muito mais gente com esses pendores.

12/02/2023


domingo, 15 de janeiro de 2023

“Quando você tira Arte da Escola, você gera gente que esfaqueia um Di Cavalcanti…”








    Houve invasões e destruições nas sedes dos três poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. Dentre os estragos está o quadro As mulatas (1962), de Di Cavalcanti, avaliado entre 15 e 20 milhões de reais.

    Encontrei uma postagem que dizia: “Quando você tira Arte da Escola, você gera gente que esfaqueia um Di Cavalcanti...”. Ela causou-me alguma estranheza, pois afigura-me ser reducionista, quiçá corporativista, assim resolvi perguntar a algumas pessoas o que pensam dessa afirmação.

    Muitas pessoas não responderam, no entanto, elas foram diversas, houve pessoas que não entenderam o teor talvez não estivessem inteiradas da ocorrência mas seria possível elaborar resposta com base apenas na afirmação. Houve gente que fez uma digressão, quase constituiu em aula do que ela pensa ser a Arte. Houve concordâncias com o sentido, outras consideram que a Arte deve ser um componente na formação do ser humano, algumas que não veem relação entre as aulas de Artes e o caráter humano.

    Outros têm o brasileiro como ignorante, desinteressado no que deveria ser importante e respeitado. Esses tópicos do valor e do respeito, considero-os de extrema relevância para o nosso saudável e edificante convívio social, fins termos uma nação desenvolvida nos mais diversos aspectos e que possamos ter vidas melhores, também em um sentido amplo.

    Alguns, após responderem, perguntaram-me como eu via o ocorrido. A minha resposta está dentre as apresentadas, visto que não poderia sonegar-lhe a saciedade das suas curiosidades, assim como eu fiz com eles.

    Um ponto de interrogação: alguns questionados tomaram as aulas de Artes a que se refere a postagem com o que é a Arte e a sua influência na formação do ser. Um ponto é diferente do outro.

    Em minhas aulas de Artes em longínquos anos , aprendi as características de alguns movimentos artísticos, dos quais não me recordo, e a fazer um cinto em náilon. Quais seriam as vantagens desses dois tópicos em minha formação cultural e cidadã em geral? Penso: nenhuma. No entanto, todo conhecimento que se puder proporcionar às pessoas, não importa a idade ou qualquer outra avaliação, deve ser bem-vindo.

    Outro fato que considerei interessante: muitos de nós quiçá a maioria está interessada no progresso do país, visto não se evadir da reflexão de assuntos que compõem os nossos momento e trajetória como pessoas e nação em construção.

    Podemos verificar algumas elucubrações dos inquiridos, aos quais agradeço a gentileza pelas suas respostas.


Quando você tira Arte da Escola, você gera gente que esfaqueia um Di Cavalcanti...” Ignoto


    Qual é a reflexão que você faz dessas sentenças?


A.     A arte, em primeiro lugar, é importante para quem a valoriza e para quem tem o dom, esses podem ser artistas. Muita gente pensa que Arte é fazer novelas televisivas, mas há filmes também deploráveis, dos não tiramos proveito, não são todos, é lógico.

Ocorre uma confusão entre Arte e artesanato, muito embora creio que, em alguns casos, há simbiose entre eles.

O conhecimento de Arte é algo mais abrangente, mais profundo, como conhecer os grandes nomes artísticos, as suas origens, as suas características, as influências em uma sociedade, e independente da área artística.

Ter ou não conhecimento é questão de interesse individual, pois não precisa ter dinheiro para se conhecer as Artes, há muita informação à disposição. Pode-se trabalhar em campo distinto do artístico e ser conhecedor, até mesmo colecionador. Especializar-se em Artes e ser artístico são níveis diferentes no que tange ao assunto.

Mas quem não é conhecedor da Arte, Di Cavalcanti ou qualquer outro nome tanto faz.

A formação do caráter não depende da Arte, haja vista que essa é apenas uma parte do conhecimento humano, logo a exclusão de Artes do currículo escolar não constitui a causa da existência de pessoas de má índole, capazes de cometer atrocidades.

B.     A Arte faz parte da formação humanística.

    E nessa última semana, o ataque à obra do Di Cavalcante, em Brasília, gerou uma enorme comoção no país, porque aqueles que fizeram isso não valorizam a Arte, não sabe nem quem é o artista e a importância da sua obra para a sociedade.

    É uma crítica fortíssima sobre os apoiadores da política anti-humanística na escola. Há os que pensam que Arte, Sociologia e Filosofia são doutrinamentos de esquerda. O contexto político vai muito além da escola.
    A Arte tem o poder de nos sensibilizar, e isso pode acontecer também em casa, não só na escola. Normalmente, quem admira a arte tem uma postura mais humanista, o que independe de viés político.

C.     Não só apenas a Arte, mas, sobretudo, a educação faz falta às pessoas. Isso é independente da destruição do quadro, mas de tudo, haver-se-ia que ter respeito pelo que aqueles objetos e locais danificados ou destruídos representam. E você, o que pensa?

D.     Todos sabem o valor de um Di Cavalcanti, em todos os sentidos. Destroem porque sabem o valor. É um absurdo: invadir e quebrar o patrimônio. Se tentaram ajudar o seu viés ideológico, só atrapalharam-no. É coisa de baderneiros, que têm nada na cabeça.

E.     Não entendi do que se trata.

F.     Essa assertiva não faz muito sentido.

G. Esse evento não tem relação com exclusão de Artes do currículo escolar. Isso é cultural, a maior parte do povo é ignorante, falta-lhe valores, não aprecia arte. Não gosta de atividades edificantes, só quer saber da vida de celebridades.

H.     A arte requer muita atenção e reflexão. Ela proporciona calma às pessoas. É o mesmo que ler um livro, o qual nos transporta.

I.     Um ser humano jamais poderá atingir um alto nível de desenvolvimento interior sem a integração do conhecimento, da inteligência e das virtudes. Qualquer um que falte impedirá que o indivíduo atinja o melhor de si. Quiçá, por isso que o ser humano seja tão complexo, ou seja, no que refere à sua constituição de diversos elementos imateriais.

J.     Concordo. E você, o que pensa?

K.     Imaginem os cidadãos que não veem a importância da Arte? O que podemos esperar deles? Se não há estudo das Artes nas escolas, o que podemos esperar dessa formação?

L.     Faz-me refletir sobre aquilo em que sempre acreditei: que todos os problemas do nosso país originam-se e residem na falta de educação.

M.     Eu penso que as pessoas, incluindo as crianças, precisam da Arte, de todas elas.

N.     Quando se tira Artes da escola, as pessoas não conhecerão, quando adultas, a beleza da vida. Porque quando desenhamos, projetamos a nossa sensibilidade e criamos ou representamos o que há ou que se faz de belo na vida!

O.     Vou pensar sobre o tema e lhe digo a minha opinião.

P.     A Arte torna o ser humano sensível, humanizado, espiritualizado. Desenvolve o autoconhecimento, o amor e o respeito. Sem ela, desenvolvemos os contrários dos citados.


As mulatas (1962), de Di Cavalcanti





quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Restaurant Culture in Brazil


Eating is one of the most wonderful activities in life, of course, the list is large. Working is not a pleasant thing, at least, for me. So, it is better to eat out if we have money.

Brazilian people as the majority one like to eat out, but it depends on their salaries. On weekends, for example, generally, they do not prepare lunch on Sundays. They lunch out in a steak house — which is usually expensive — or in a self-service restaurant.

A self-service restaurant is a sort of restaurant where you can choose what and how much you want to eat. There are two types: 1. You pay per weight (the restaurant fixes a price for kilogram); 2. or you pay an unique price and eat as much as you can. Some restaurants offer both modalities or only one of them. I prefer paying per weight because I believe I do not eat too much, around 500g, and if it costs 10 euros per kilogram, I pay 5,00 euros. Of course, there are cheaper and more expensive restaurants.

When Brazilians want to prepare a family Sunday lunch, they opt for a barbecue, its side dishes change from state to state. And, normally, people from one state dislike other states' side dishes.

For Saturday lunches, some Brazilians like to have feijoada (a feijoada recipe https://g.co/kgs/7pGNfi), which is a type of stew made with pork's parts (ears, paws, tails, sausage etc), black beans, flour, cabbage leaves, an orange, and a glass of caipirinha (caipirinha recipe https://g.co/kgs/qNdBGN). Feijoada is a typical Brazilian dish, but it was brought by African slavers. It is said to be originated in India, Goa State.

On Saturday night, they prefer going to a pizza restaurant. Pizza is not an originated-Brazil dish, the modern one is from Italy. Although, its history began 6,000 years ago, according to a magazine. Someones like to have a delivery pizza and others go to a pizza restaurant. Someones go to an eat as much as you can pizza restaurants. Male young people like going to one and they compete to be the one who eats the biggest number of slices of pizza. It is something like craziness, is it not?

In general, Brazilians choose the restaurant taking into account the celebrations, circumstances, and how much they want to spend.

During the weekdays, people do it in many ways. Some people who have a healthy diet, they prefer preparing their meals at home and taking them to the work. Others prefer to order a packed lunch, its prices vary a lot, since from less than two euros. Others go to a self-service restaurant at lunchtime.

Going to à la carte menu restaurant is more expensive than having a packed lunch or going to a self-service restaurant.

Some people do not pay much attention to their health, they eat anywhere, even on the streets. In Brazil, in almost every city, there are food street vendors, and they also sell pop drinks, candies, juices, and chewing gums. Some of them offer some types of sandwiches (hot dogs or others) and a little dinner. A little dinner with rice, french fries, and meat on a stick (it also can be chicken), costs less than three euros. Depending on the location, reputation, and taste recognition, there are queues to have some food in trailler food or other sort of street food point.

Believe you or not, in some Brazilian cities, it is possible to buy from a street vendor only one cigarette or a dose of cachaça (brandy)!

In my opinion, it is not recommended to eat in a place like that because lack of hygiene.

From medium sizes to big ones cities, we have international junk food chains, such as Mc Donalds, Burger King, Subway, and many others. Some people like these types of food, mainly children and teenagers.

In big cities, for example, Rio de Janeiro and Sao Paulo, we find cosmopolitan cuisine. Naturally, they cost a lot.

If you have any question about Brazilian foods, do not be a shy person, ask me, please.





quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

O salgado mundo doce das padarias e congêneres

    


           No ocaso dos anos 90, conheci a doceria Ofner, em São Paulo, onde não há salgados ou doces que não nos atraiam o paladar como um ímã a uma peça metálica.

Bem sabemos que os açúcares industrializados não são saudáveis, todavia, deliciam as papilas gustativas correspondentes. Além da contrariedade do suporte pecuniário para aplacar esse pecado capital.

Em 2018, também em seus momentos crepusculares, ao despender um final de semana em companhia de uma amiga paulistana — a qual não sabia da existência da produtora de tamanhos acepipes — degustamos algumas das ofertas. Ela gostou deveras do recinto e dos produtos, bem como manifestou a intenção de retorno com desejo de degustações outras.

Após 3 anos, encontramo-nos em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ela lembrou-se da Ofner. Disse-lhe que após algumas décadas longe daquela cidade não sabia de um local primoroso para um café — termo genérico para um lanche e uma conversação. 

Em contrapartida à certeza da inexistência de um estabelecimento à altura daquele, falei-lhe ter passado de frente a uma boulangerie e pâtisserie em um bairro que fora nobre em residências, hoje, comercial. 

Pesquisei no Google maps, haja vista despossuir o endereço na mente, o qual disse-me: fechada. 

Mencionei saber de outro local, ao qual havia levado a minha mãe, em seu aniversário, para um cappuccino vespertino. Ao chegar ao recinto: fechado.

Diante da minha enorme ignorância geográfica da própria cidade, dirigimo-nos ao seu mais antigo shopping center.

Tomei um cappuccino italiano, ela ativera-se à água. Comentei que o cappuccino estava bom, todavia, não se situava dentre os melhores que sorvera.

Uma semana após, estando próximo à La Parisienne — a intencionada   boulangerie e pâtisserie —, fui á, fechada. Consulto o seu horário à porta, funcionou até às 18 horas.

No dia seguinte, 7 de dezembro de 2021, estando, mais uma vez, próximo, fui. Aberta, bingo!

O local é aprazível, bem decorado com motivos franceses, há mesas internas e externas. Solicitei para ir ao lavabo, a funcionária não entendeu, visualizei que ele situava-se no fundo, à minha direita, repeti que queria ir ao lavabo, ela aquietou-se, continuei deslocando-me.

Nesse percurso, visualizei pequenas tortas, desconhecia se eram salgadas ou doces, que se demonstravam apetitosas. Ao retornar aproximei-me delas, um jovem atendente explicou-me os seus ingredientes, solicitei uma de queijo com cebola caramelada, perguntei-lhe o preço, não era barata. O atendente perguntou-me pela minha ficha de atendimento, neguei tê-la, ofereceu-me uma mesa e deu-me um cardápio. 

    Solicitei a torta e um cappuccino. Dentre as variações do cardápio, ele não sabia explicar as diferenças; disse-me que o latte era o mais vendido, isso por si só não me impeliu a degustá-lo, queria um cappuccino.

Indiretamente, pedi-lhe que me diga as suas constituições, escrevo, dos cappuccinos, não entendia e não notava que eu não conseguia ler.

Falei-lhe que pegaria os meus óculos no carro, ele ficou atônito; afinal, não sabia se iria mesmo ou era um subterfúgio para a evasão em função da da precificação ou de alguma ocorrência outra despercebida.

Aproveitei para apanhar também o celular, pois intencionava tirar algumas fotos, não pude, visto que em todas as direções havia clientes, é um desrespeito fotografar sem a permissão deles. Consegui apenas duas, as que foram possíveis (anexas ao texto), penso que o local requer revisitas. 

Tudo estava muito bom, e o cappuccino veio decorado com alguns corações na espuma. A torta, tive vontade de comer mais algumas, mas como disse acima sobre pecúnia e pecado capital, naquele momento, lembrei-me de ambos.

Não saberia dizer de qual gostei mais, se da Ofner, em São Paulo ou da La Parisienne, em Campo Grande.

Aparenta-me que a primeira tem mais ofertas, a segunda é mais intimista, com tendência ao artesanal. Preciso retornar a São Paulo para obter dados recentes e realizar uma comparação mais atualizada e justa.

                                                                                                         11 dez 2021.