No ocaso dos anos 90, conheci a doceria Ofner, em São Paulo, onde não há salgados ou doces que não nos atraiam o paladar como um ímã a uma peça metálica.
Bem sabemos que os açúcares industrializados não são saudáveis, todavia, deliciam as papilas gustativas correspondentes. Além da contrariedade do suporte pecuniário para aplacar esse pecado capital.
Em 2018, também em seus momentos crepusculares, ao despender um final de semana em companhia de uma amiga paulistana — a qual não sabia da existência da produtora de tamanhos acepipes — degustamos algumas das ofertas. Ela gostou deveras do recinto e dos produtos, bem como manifestou a intenção de retorno com desejo de degustações outras.
Após 3 anos, encontramo-nos em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ela lembrou-se da Ofner. Disse-lhe que após algumas décadas longe daquela cidade não sabia de um local primoroso para um café — termo genérico para um lanche e uma conversação.
Em contrapartida à certeza da inexistência de um estabelecimento à altura daquele, falei-lhe ter passado de frente a uma boulangerie e pâtisserie em um bairro que fora nobre em residências, hoje, comercial.
Pesquisei no Google maps, haja vista despossuir o endereço na mente, o qual disse-me: fechada.
Mencionei saber de outro local, ao qual havia levado a minha mãe, em seu aniversário, para um cappuccino vespertino. Ao chegar ao recinto: fechado.
Diante da minha enorme ignorância geográfica da própria cidade, dirigimo-nos ao seu mais antigo shopping center.
Tomei um cappuccino italiano, ela ativera-se à água. Comentei que o cappuccino estava bom, todavia, não se situava dentre os melhores que sorvera.
Uma semana após, estando próximo à La Parisienne — a intencionada boulangerie e pâtisserie —, fui á, fechada. Consulto o seu horário à porta, funcionou até às 18 horas.
No dia seguinte, 7 de dezembro de 2021, estando, mais uma vez, próximo, fui. Aberta, bingo!
O local é aprazível, bem decorado com motivos franceses, há mesas internas e externas. Solicitei para ir ao lavabo, a funcionária não entendeu, visualizei que ele situava-se no fundo, à minha direita, repeti que queria ir ao lavabo, ela aquietou-se, continuei deslocando-me.
Nesse percurso, visualizei pequenas tortas, desconhecia se eram salgadas ou doces, que se demonstravam apetitosas. Ao retornar aproximei-me delas, um jovem atendente explicou-me os seus ingredientes, solicitei uma de queijo com cebola caramelada, perguntei-lhe o preço, não era barata. O atendente perguntou-me pela minha ficha de atendimento, neguei tê-la, ofereceu-me uma mesa e deu-me um cardápio.
Solicitei a torta e um cappuccino. Dentre as variações do cardápio, ele não sabia explicar as diferenças; disse-me que o latte era o mais vendido, isso por si só não me impeliu a degustá-lo, queria um cappuccino.
Indiretamente, pedi-lhe que me diga as suas constituições, escrevo, dos cappuccinos, não entendia e não notava que eu não conseguia ler.
Falei-lhe que pegaria os meus óculos no carro, ele ficou atônito; afinal, não sabia se iria mesmo ou era um subterfúgio para a evasão em função da da precificação ou de alguma ocorrência outra despercebida.
Aproveitei para apanhar também o celular, pois intencionava tirar algumas fotos, não pude, visto que em todas as direções havia clientes, é um desrespeito fotografar sem a permissão deles. Consegui apenas duas, as que foram possíveis (anexas ao texto), penso que o local requer revisitas.
Tudo estava muito bom, e o cappuccino veio decorado com alguns corações na espuma. A torta, tive vontade de comer mais algumas, mas como disse acima sobre pecúnia e pecado capital, naquele momento, lembrei-me de ambos.Não saberia dizer de qual gostei mais, se da Ofner, em São Paulo ou da La Parisienne, em Campo Grande.
Aparenta-me que a primeira tem mais ofertas, a segunda é mais intimista, com tendência ao artesanal. Preciso retornar a São Paulo para obter dados recentes e realizar uma comparação mais atualizada e justa.
11 dez 2021.