Ideias entendidas,ou supostamente entendidas, na assembleia dos alunos da
universidade, no dia 06 de dezembro de 2016. A suposição deve-se ao
fato de que os nossos estudantes adolescentes estão dentre os
últimos nos itens avaliados pelo Programa Internacional de Alunos
(PISA)
inclusive
leitura, o que deve, por
consequência,
refletir nos níveis
de conhecimentos
dos universitários
brasileiros.
Ver
http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/12/03/pisa-desempenho-do-brasil-piora-em-leitura-e-empaca-em-ciencias.htm
e
http://g1.globo.com/educacao/noticia/brasil-cai-em-ranking-mundial-de-educacao-em-ciencias-leitura-e-matematica.ghtml
O
movimento estudantil organizado, é só teoria, a reunião prevista para começar
às 18h, iniciou-se às 19h, o sistema de som é sofrível, quase não
se ouvem os discursadores, muitos fazem pequenos grupos e conversam
entre si, outros mantém-se conectados à internet.
O sistema político que criticam é reproduzido nos mínimos detalhes, até nas verbalizações enfadonhas (destituídas de conteúdo ou informações relevantes) e repetitivas, logo, desnecessárias, as quais postergam o clímax, que seria votação da pauta: continuar ou encerrar a greve deles.
O sistema político que criticam é reproduzido nos mínimos detalhes, até nas verbalizações enfadonhas (destituídas de conteúdo ou informações relevantes) e repetitivas, logo, desnecessárias, as quais postergam o clímax, que seria votação da pauta: continuar ou encerrar a greve deles.
De
uma forma geral, parece que se está em Babel, querem decidir algo,
impedir as votações da Proposta
de emenda Constitucional (PEC)
241/55, a qual muito poucos leram, mesmo os alunos da
Ciências Sociais Aplicadas (leia-se neste caso: Administração e
Economia), mas aqui cabe o benefício da dúvida: a minha
interpretação das
leituras
e dos
entendimentos dos falantes a respeito do tema; afinal, em avaliação de interpretação, nem todos os componentes de
grupo algum conseguem
grau máximo em
um
certame de seleção, independe de qual seja, seria então natural a
nossa pouca capacidade ou incapacidade de interpretação de textos?
Penso que não, contudo, as nossas capacidades são deveras variáveis, com tendência para baixo, haja vista o alto índice de analfabetismo funcional brasileiro, 8% dos brasileiros acima de 15 anos. Ver http://direcionalescolas.com.br/2015/03/03/analfabetismo-funcional-uma-realidade-brasileira/
Penso que não, contudo, as nossas capacidades são deveras variáveis, com tendência para baixo, haja vista o alto índice de analfabetismo funcional brasileiro, 8% dos brasileiros acima de 15 anos. Ver http://direcionalescolas.com.br/2015/03/03/analfabetismo-funcional-uma-realidade-brasileira/
Uma
universidade com mais de 50 mil alunos (
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_do_Paraná
), outra fonte diz 23 mil alunos
(https://www.timeshighereducation.com/world-university-rankings/federal-university-parana-ufpr#ranking-dataset/589595),
contudo, cerca de pouquíssimas centenas, três –
após
uma hora de reunião verborréica o número era menor – , decidem o
destino do alunado, e
é de se pensar que tipo de cidadão e profissional essa academia
está entregando à sociedade em contrapartida aos 1,2 bilhões,
conforme o penúltimo link.
Não é de estranhar o comportamento político hodierno, tendo como reflexão as palavras de Platão, de há inúmeros séculos: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles gostam.”
Não é de estranhar o comportamento político hodierno, tendo como reflexão as palavras de Platão, de há inúmeros séculos: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles gostam.”
A universidade
é a responsável por esse pífio comparecimento a uma reunião
de capital importância – se continua ou aborta a greve estudantil
– , porquanto seus alunos não estão sendo conscientizados da
participação social em todas as instâncias possíveis. Se é que
pauta de tal monta deveria estar na seara discente?! Se um lugar de
valor não é ocupado por quem de direito, invasores fá-lo-ão.
Greve
estudantil? Parece que a nossa sociedade está suportada em um
vértice piramidal, e a sua base orando aos céus para que esses
deem-lhe solução para os seus mais comezinhos assuntos.
Aluno, a meu ver, aluno não tem que decidir se aceita aula ou não, contudo, pode decidir sobre a sua matrícula ou não, a assistência à aula ou não, mas decidir se para ou movimenta uma universidade com tais dezenas de milhares de alunos é dar voz a balbuciadores.
Aluno, a meu ver, aluno não tem que decidir se aceita aula ou não, contudo, pode decidir sobre a sua matrícula ou não, a assistência à aula ou não, mas decidir se para ou movimenta uma universidade com tais dezenas de milhares de alunos é dar voz a balbuciadores.
O
que será que os financiadores da maioria desses alunos pensam disso?
Muitos pais estão distantes, outros tantos fazem-no com
dificuldades. Sendo que em alguns casos, o governo federal, ou seja,
a própria sociedade, é o financiador, embora que seja parcialmente.
No entanto, a grita pelo aumento do número de bolsas e dos seus valores não é um assunto escasso no aparelho fonador de muitos universitários.
No entanto, a grita pelo aumento do número de bolsas e dos seus valores não é um assunto escasso no aparelho fonador de muitos universitários.
Falas
pró-greve
•
Pouquíssimos alunos –
proporcionalmente ao número total da universidade – falam por seus
departamentos e bradam que não abandonarão a greve;
•
Em réplica a que o movimento
estudantil é financiado por partidos políticos, alguém
disse
que
não
o é, e por
nada ter recebido até aquele momento, quer receber sua
remuneração de maneira
retroativa;
•
A greve dos alunos deve continuar até
a PEC ser abolida. [O interessante é que alguns parecem acreditar
nisso, e se continuarem poderão acabar com a própria universidade,
porquanto se a PEC for suprimida não o será devido ao movimento
discente grevista.];
•
Temos que continuar com o movimento,
alguém na plateia sugere, em voz audível somente aos poucos
circunstantes, que eles têm que quebrar bancos;
•
Os professores têm que apoiar nosso
movimento. [É verdade, estão apoiando-os, não há aulas, bem como
os técnicos, visto que estão pardos há mais tempos, embora que
parcialmente.];
•
A PEC
sepultará a nossa ciência. [A
nossa dita ciência não tem importância no contexto global. Ver:
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/04/1266521-brasil-cresce-em-producao-cientifica-mas-indice-de-qualidade-cai.shtml
e
http://exame.abril.com.br/ciencia/brasil-e-responsavel-por-2-7-da-producao-cientifica-mundial/];
•
Vamos
à luta! [É um grito de guerra, repetido com alguma frequência nas
finalizações das exposições individuais.];
•
Precisamos
resistir, manter o movimento. Ele está muito mais forte agora;
•
A
greve precisa, ela tem que continuar. [Só
falta a segunda votação no Senado. Qual seria a sua razão da greve?];
•
Mesmo
que a PEC seja aprovada o nosso movimento não enfraquecerá. [Se o
movimento é contra a PEC, e for aprovada em todas instâncias, qual
seria o sentido de manter a greve? Seria uma greve pelo fato de dizer
que estarão resistindo aos seus ditames?];
•
Devemos
manter o movimento até a votação em segundo turno no Senado, dia
13 de dezembro;
•
Havemos
de
ter como exemplo de resistência os estudantes secundaristas, de como
lutar contra algo. [Houve
até assassinato entre eles, dois adolescentes drogaram-se e tiveram
os ânimos exacerbados. o que acarretou a morte de um.];
• Dizem
haver espaço para as ideias contrárias. [Não é verdade, os
contras são imediatamente alcunhados de fascistas, adjetivo dentre
os mais
utilizados para
os oposicionistas à manutenção da greve.];
•
Negam que chamem
a PEC 241/55 de a PEC da vida (“Não
posso aceitar que a defendam como a PEC da vida.”),
mas a chamam de a PEC da morte, a que destruirá o futuro de
toda uma geração de jovens, de toda uma nação. Ela é o começo
do fim. [Se estão certos ou não, não se sabe, mas se vê um
discurso corporativista, egocêntrico. O fim referido deve ser a
intensificação do desmantelamento da economia nacional.];
•
Lutar
para manter o ensino de qualidade. [Qualidade é uma propriedade que
se reconhece por comparação. As universidades públicas são de
qualidade com referência a quê? às
universidades privadas? Se for, tudo bem, caso não, é de bom
alvitre consultar algum
dos mais renomados
rankings universitários internacionais. No
The Time Higher Education – THE –
2016/2017,
a UFPR é a 601a.
universidade do mundo; a Universidade de São Paulo (USP) é a 251a.
sendo
a brasileira mais bem classificada. Onde está a qualidade? Ver:
•
Quem
defende a PEC é egoísta. [Parece-me que o altruísmo, como
característica geral, não pertence ao ser humano, vemo-lo como
uma manifestação individual; cada ser defende os próprios
interesses, isso sim, o
egoísmo
é uma característica
humana generalizada.];
• Alguns alunos
foram ao congresso protestar contra a PEC. [Essa atitude é vista
como algo de gente engajada no movimento, é vista com distinção.];
•
Deve-se unir todos os esforços da
comunidade universitária, fins taxar as grandes fortunas e instaurar
uma auditoria na dívida pública. [Parecem-me coerentes as duas
proposições, é possível que o atual governo desconheça a real
situação do endividamento público, a situação da previdência e
outros possíveis sumidouros do erário.
Por que não cobrar os devedores de tributos, essas somas chegam a alguns bilhões de reais, e por que não rever as enormes e extensas desonerações fiscais?]
Por que não cobrar os devedores de tributos, essas somas chegam a alguns bilhões de reais, e por que não rever as enormes e extensas desonerações fiscais?]
•
Quem tem o suporte de algum partido
político não tem cacife para ser contra ou a favor da PEC. [Muitos
falantes representam abertamente e outros parecem representar alguma facção política.];
•
O
grupo contrário ao nosso movimento é suportado pelo PSDB. [Existe
um grupo opositor, o qual é bem pequeno, talvez sequer atinja meia
dúzia.];
•
Toda
decisão é política! [Ao interessar-se por uma moçoila, lembre-se:
isso pode ser também uma decisão política.];
•
Por que a PEC é para 20 anos, e não
por 3 ou 4 anos? [Só por que alguém quer, se assim for, será
preciso criar uma pra cada grupo simpatizante de tal número.
Planejamento, faz-se por vários períodos, se longo ou não, pode-se
fazer reajustes periódicos, ele não deve ser estanque.]
•
Havia
algumas alocuções
propagandistas
de uma ou outra intenção eleitoral ao Diretório
Central dos Estudante (DCE). Alguém
discordou que fosse o instante para tais proposituras;
•
O Diretório Central dos Estudante
(DCE) não presta atenção ao Centro Tecnológico. [Perguntei
algumas vezes a estudantes qual seria a finalidade dos centros
acadêmicos e do diretório central, disseram-me que era para
representar os estudantes. Por ocasião de campanhas para o diretório
central pedi que eliminasse a batuca noturna no Campus Reitoria.
Fi-lo por várias campanhas, o batuque continua a atrapalhar os
alunos noturnos.
Musica é arte, mas é impossível estudar com batucadas. Nem a Ouvidoria da UFPR, nem a Direção Setorial – alguma gestão passada, resolveu o assunto, visto que o batuque continua. Para que eles servem até hoje? Não sei, as únicas criações conhecidas por mim são o José Dirce, 1968, e o Lindebergh Farias, 1992. Se é que eles serviram/servem para algo de útil.];
Musica é arte, mas é impossível estudar com batucadas. Nem a Ouvidoria da UFPR, nem a Direção Setorial – alguma gestão passada, resolveu o assunto, visto que o batuque continua. Para que eles servem até hoje? Não sei, as únicas criações conhecidas por mim são o José Dirce, 1968, e o Lindebergh Farias, 1992. Se é que eles serviram/servem para algo de útil.];
•
Um
país que tem a própria moeda não vai à bancarrota, ele só
precisa imprimir mais dinheiro. [Esse é um dos
melhores atos para convidar a inflação a habitar a economia de um
país e conseguir o descrédito econômico internacional, segundo
alguns economistas. Se o ouvisse de um aluno das áreas biológicas
ou exatas não me entristeceria, entretanto, ouvi-lo de um aluno de
economia é
estarrecedor.];
•
Os
investidores internacionais querem apenas ganhar dinheiro no Brasil.
[Isso chama-se capitalismo, é o mesmo que os
empresários/investidores brasileiros
intencionam quando o fazem no exterior.];
•
Tem-se que não permitir que os
professores lecionem durante o nosso movimento/tem-se que convencer
os professores a não lecionar durante o nosso movimento. [É fato
que os professores trabalham para os alunos/sociedade, no entanto,
impedi-los de lecionar é transgredir a hierarquia professor/aluno.];
•
Um país não deve ser gerido como se
faz com uma empresa. [É por isso que temos tão diversos, arraigados
e aparentemente insolúveis problemas; mesmo visando ao social, se o
tivéssemos feito como tal poderíamos não estar vivenciando estas
celeumas socioeconômicas.];
•
A
PEC cortará as bolsas de estudo.
*
Todos adesistas são ovacionados intensamente, independe do que tenha
falado. Os pensamentos/discursos
são quase que homogeneamente de apoio, ou seja, a
grandiosíssima maioria dos
presentes é daqueles
que querem a continuidade da greve.
Falas
contra-greve
•
O movimento estudantil é financiado
por partidos políticos;
•
Chamam a PEC 241/55 de a PEC da vida,
do desenvolvimento econômico, que recuperará a confiança
internacional e proporcionará a volta dos investimentos financeiros,
que ela realizará os anseios do povo: emprego e bem-estar social [Se
estão certos ou não, também não se sabe, todavia, parece-me um
discurso mais amplo no que tange aos possíveis resultados da PEC.];
•
Não há mais razão para manter o
movimento grevista, visto que as votações da PEC evoluem, nada se
pode fazer. [Uma das poucas lúcidas vozes, o movimento do alunado
sequer atrai a atenção parlamentar.];
• Todos os
contrários são apupados ferozmente. Negam a real acepção do termo
universidade, quando referente à instituição
educacional, a qual, penso, deve contemplar a diversidade – a
universidade – dos pensamentos e das ideias dos mais variados
externadores.
E,
assim, menos de 1% do alunado da UFPR decidiu pelos outros 99%, que
não compareceram à assembleia. Alguém que não foi não pode
reclamar da decisão, é semelhante ao nosso sistema político, se
escolher mal não tem direito de reclamar, de forma arrazoada, só a
reclamação pela reclamação.
06/12/2016