No dia 17 de outubro de 2014, às 13h 40min,
quando um ônibus
da linha Santa Cândida/Capão Raso
passava pelo bairro Juvevê uma usuária
gritou que havia uma barata circulando
entre os usuários. Outra disse não era uma, mas várias, de verdade era um enxame.
A mulherada entrou em alvoroço, outra disse alguém
deveria ligar para o 156 – número da prefeitura – e
reclamar. Outra disse que se deveria avisar ao motorista que o ônibus
estava
cheio de baratas, o que o inocente trabalhador poderia fazer? Caçar o
pequeno inseto?
Mais uma paniquete que
não
tinha nenhuma semelhança com as da TV disse que alguém
deveria tirar uma foto e postar na internet, para que todos os conectados
soubessem do absurdo, da falta de cuidados com os ônibus urbanos.
Mulher, ou qualquer
outro ser humano, torna-se deveras corajosa quando agrupada. Aumenta o número de
manifestantes, ao que um varão disse a uma moçoila para cuidar-se, visto que estava de saias,
essa fez expressão enojada e invocou a sua deidade.
Algumas mais afoitas
gritaram que alguém deveria matá-las; o mais o interessante é que nessas
horas ninguém existe, é um ser desconhecido, enigmático e
invisível,
ninguém
vê
ou sabe quem é alguém.
O do sexo oposto, que
brincara com a moça saiada disse que, se alguma matasse qualquer
dos insetos, acionaria o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), pois nenhum ser vivo deveria ser morto sem autorização da
autoridade competente.
Outra pessoa disse que
era um bicho nojento, que ninguém merecia dividir o ônibus
com ela, ao que outro replicou que era um ser vivo, logo, tinha direito à vida
como qualquer um outro. Não sei se o caso seria da alçada do IBAMA, todavia, o ameaçador conseguiu com que as apavoradas
recuperassem um pouco do controle emocional.
Realmente, barata é algo um
pouco, ou talvez bastante, desagradável, mas se formos matar todos os seres vivos
que nos causam incômodo, daqui a pouco poderemos querer também matar os seres humanos que nos incomodam, de
repente um político – ou qualquer outro cidadão – pode querer matar o seu adversário, como
tantos incivilizados fizeram e fazem, principalmente no nordeste brasileiro.
Temos que pensar bem até que ponto
é
viável,
justo, legal e respeitoso eliminar outro ser porque não nos
agrada. Até que ponto, tem-se o direito de extinguir a vida de outro ser? 17/10/2014