Recentemente a mídia brasileira anunciou em boas tonalidade e legibilidade que o Brasil é a quinta economia mundial, ocasião em
que havia ultrapassado a do Reino Unido. Entretanto, penso que a colocação no
cenário econômico é apenas um dado a se considerar – o que é tendencioso – têm
que se analisar os países em aspectos mais amplos. Veja bem, o Brasil tem 38
vezes o território e mais de 3 vezes a população do dito ultrapassado; detém o 84º
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), enquanto o outro, o 26º; bem como — ou
seja, mal que — o brasileiro tem uma expectativa de vida de menos 7 anos que o
do comparado. Quantas universidades brasileiras foram classificadas dentre as
200 melhores do mundo em 2011, segundo o THE (Times Higher Education)? Uma.
Quantas do Reino Unido? Trinta e duas. Quem vive melhor não é aquele que
trabalha mais, ou produz mais, e sim, aquele que gasta melhor consigo, neste
caso, com o seu povo. O Brasil não sabe e nem se preocupa em gastar
racionalmente, ou melhor, não há redistribuição de renda, nem oferta de bons
serviços públicos para o seu povo. Para mim, não importa se o meu país é a
primeira ou a última economia mundial— isso é orgulho de tolo — quero, sim,
qualidade de vida para todos meus conterrâneos, com tudo que isso possa
abarcar: politização (não apenas participação em um ou outro partido político),
consciência de direitos e deveres, cultura e escolarização, saúde, patriotismo
consciente, lisura nos meios públicos e privados (incorruptibilidade), haja
vista que essas características trazem muitas outras também fundamentais ao ser
humano. Esse sim, seria um povo que saberia viver verdadeiramente; subsistir é
para as pedras. Quero que o meu povo tenha o primeiro IDH, significativa
participação no mundo acadêmico e científico, renda anual individual de U$ 60.000, e não
renda per capta — essa é uma grande ilusão. Prefiro a qualidade de vida daquele
povo à da quinta economia mundial. E você, brasileiro?
06/01/12
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Muito pertinente o assunto. Infelizmente o povo
brasileiro gosta de ser enganado e se contenta em ser o país do futebol (nem
isto somos mais); em ter o maior "espetáculo da Terra", o carnaval.
Maior pra quem? Só se for pra quem gosta. Toda a população mundial gosta? Muitos
BRASILEIROS, e me incluo neste grupo já não suportam mais este feriado de
desgraças: milhares de mortos nas estradas, jovens engravidando a esmo (o
importante é "beijar na boca"), DST's sendo disseminadas,
drogas...drogas? Sem comentários. Músicas, cujas letras são de uma pobreza à
altura da grande massa populacional deste país, pobreza esta a que me refiro
educacional. Então, como podemos classificar como maior espetáculo da Terra?
Espetáculo pra quem? BBB...ah,
BBB. Como pode um programa de TV assim ter tanta audiência? Na
realidade, o que escrevi antes explica isto. É, está explicado. Quando me
perguntam se assisto a este programa, respondo: "poxa, eu tenho em meu
currículo o primeiro grau completo, sei ler e escrever e por isto acho que
tenho condições suficientes para assistir e entender algo mais". Pedro
Bial, quanta decepção! Um correspondente internacional com uma história
jornalística invejável sujeitar-se a isto? O que esperar do restante da
população quem mal sabe em quem votou? Tudo isto que citei é porque, se nossos
governantes não tomam medidas necessárias para mudar este quadro nebuloso em
que nosso país viveu, vive e viverá, culpa disto é de nós mesmos, o povo
brasileiro. Afinal, de onde saem nossos lideres? E por tudo isto, acredito,
infelizmente, que nem meus netos vislumbrarão o Brasil como quinta maior nação
do mundo aos olhos de Ismar dos Reis Magalhães, visão que eu, em minha modesta
opinião, compartilho neste comentário.
Comentário de André Luis, 02/03/2012
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Réplica
Se o Imperador Vespasiano disse “ dê pão e circo
ao povo” ele deve ter sido inteligente, embora muitos discordem disso;
porém, se não consideramos que povo seja 100% da totalidade dos seres humanos
num considerado grupo, mas a grande maioria, eu concordo plenamente com o
imperador romano.
Para atestar basta observar a mídia e o povo —
não a totalidade, pois sou parte dele e considero que penso um pouco diferente
do trivial.
Beijar na boca pode não ser o mais importante,
entretanto, também tem a sua importância no contexto geral humano. Assim, como
as drogas sempre tiveram o seu papel na história da humanidade; todavia, quem
conhece os seus efeitos e sabem aonde quer chegar tem condições de optar pelo
uso ou pela abstinência.
Quer seja o sexo precoce, os mais diversos vícios
e falta de bons hábitos e virtudes nossas são o retrato de nossa cultura, não
conseguimos viver por muito tempo algo que não somos. Todas essas mazelas são o
nosso retrato; o dia que melhorarmos como indivíduo e todos os indivíduos do
grupo também seremos outro povo — com o mesmo nome, brasileiro —, porque
teremos outra cultura, caso não, o quadro vigente será o futuro.
Do trânsito — 42 mil mortes, fora as lesões
temporárias e definitivas, no ano de 2011 —, e o governo popular democrata
brasileiro sequer vislumbra um lenitivo para esse mal. Mais uma vez: o povo não
sabe ou não quer exigir que se faça algo. Só reclamamos quando o mal nos atinge
no cerne.
Não se zangue com o BBB, são só pessoas
inteligentes que sabem ganhar dinheiro com o que o povo gosta e quer. Os canais
de documentários e programas informativos, a maioria, não tem um centésimo da
audiência dele. O brasileiro é o segundo maior frequentador do Facebook, em
escala global. Haja perda de tempo.
O nível cultural, o caráter, a utilidade, a
espiritualidade, o nível de humanismo e tantas quantas outras boas
características não têm relação com os anos que se passou sentado nos bancos
escolares. Caso assim fosse não teríamos tanta desfaçatez nos altos escalões do
governo, empresas públicas e privadas.
Mais uma vez, a culpa do povo é só parcial, já
que ele não saber optar pelo que lhe é benéfico ou não. Mas sim, os líderes (
políticos de todas as esferas e escalões, professores, formadores de opinião em
geral, e tantos outros que são chefes de qualquer grupo, por menor que seja
ele) são os grandes responsáveis — visto que são esses que fazem as
escolhas em nome do povo.
E só voltar ao ponto que se fala de mudança
cultural e teremos a resposta para esse quesito. Neste mundo em que se considera
o dinheiro o maior valor — somos induzidos a acreditar nisso — e nos
matarmos para consegui-lo, sóbrio é quem consegue lembrar que pode existir uma
opção.
Resposta de Ismar dos Reis Magalhães, 13/08/2012
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