domingo, 4 de julho de 2010

VOADORAS ENCOFRADAS

João é homem maduro e tem confortável vida material. O que, segundo ele, dá-lhe o direito de pensar que pode ter várias mulheres.
E, assim, além da família tradicional de esposa e três filhas, tem outras duas mulheres, com as quais tem dois filhos com cada. Os quais totalizam 10 dependentes. E ele precisa trabalhar para sustentar 11, o que não é pouca coisa.
Sua vida relacional é normal, normalíssima, até demais. Os negócios são rentáveis e está cercado de prazeres por todos os quadrantes.
Num check-up anual de saúde fica sabendo que o coração não está muito bem. O médico recomenda-o a evitar esforços físicos, bem como praticar caminhadas e ter uma dieta saudável.

Ele fica preocupado, porém, não discute o fato com ninguém. Pensa apenas em seus três relacionamentos, não encontra alternativa plausível e mantém-nos como sempre.
João tem noção do que pode ocorrer a qualquer momento. Desta feita, ele divide informalmente o seu patrimônio entre as três. À matriz ele da uma chave do seu cofre e diz que deve guardá-la e só abri-lo em caso de extrema necessidade.

Passados uns poucos anos, talvez três, ele sofre um fulminante enfarto do miocárdio.
Tomadas todas as providências iniciais, pouco dinheiro sobra à primeira família para as despesas de rotina. Sua esposa começa a se preocupar, até que se lembra da conversa que teve sobre o cofre. Ela não se lembra onde guardou a chave, põe-se a procurá-la de forma desenfreada, porém, sem sucesso.

A situação financeira torna-se mais e mais periclitante. A esposa não vê outra solução se não abrir o cofre. Contrata um chaveiro especializado na abertura de cofres. Ele faz uma análise; diz que ele é muito antigo, está enferrujado, o que dificulta a sua abertura, e que está até rachado.

Após inúmeras horas de tentativas via fechadura não obtém êxito. Ele pede permissão para destruir a tranca com maçarico. Então o faz, mas ao puxar a porta, um enorme enxame de abelhas Europa os ataca. Todos correm desesperadamente, entretanto, alguns não ficam livres copiosas ferroadas.

A mulher e o chaveiro têm que ser hospitalizados. As filhas dormem na cada de uma vizinha.

Ao retornar no dia seguinte, ela expulsa o enxame a base de fogo, matando diversas componentes.

Não se sabe ao certo o que ocorreu, haja vista que não há dinheiro algum – se é que havia -, mas apenas restos de embalagens de guloseimas várias, meles e favos.

01052009