terça-feira, 20 de dezembro de 2011
A TELEVISÃO
Falar que a televisão é somente benéfica ou maléfica sob todos os aspectos é pensar de forma muito segmentada, haja vista que tudo que faz bem, um medicamento – por exemplo — se mal utilizado fará mal, podendo inclusive levar a vida do usuário a cabo.
O mesmo pode-se dizer da televisão, a despeito de uma máxima de autor não lembrado de que “a televisão é um buraco onde você joga o seu tempo fora”, entretanto, só se pode acordar se o seu uso for demasiado e se nos estorvar o desempenho de outras atividades também construtivas e diversificadas.
A formação cultural ou mesmo a informação cotidiana deve-se dar através de multi-meios, tais como literatura, teatro, televisão, música, etc, visando o contato com ideologias dos mais diferentes “matizes” e, assim, obter informações de fontes variadas, postar-se com visão crítica, porém, não preconceituosa.
Também devem-se observar os programas televisivos com o mesmo senso crítico, comparando-os com outros meios de comunicação; todos eles são passivos de manipulação e isto, certamente, não é o que se quer.
A sociedade deve exigir dos exibidores de televisão programas mais instrutivos e construtivos, principalmente para as nossas crianças que têm o seu caráter em formação. A saída pode ser a escolha sensata de horários e a intervenção adequada dos pais quanto à permissão ou não para as crianças verem determinados programas, sendo que os pais, de forma alguma, devem ser permissivos em demasia.
Uma oração pode ser satânica ou cristã, e não deixa de ser uma oração, portanto não é a televisão que é nociva ou benéfica, e sim a mensagem veiculada por ela, portanto, cabe ao indivíduo e à família disciplinar o seu uso. 11022011
domingo, 11 de dezembro de 2011
É POSSÍVEL SALVAR A FILOSOFIA UNIVERSITÁRIA?
É ideia corrente que as atividades intelectuais – esse termo refere-se aqui a tudo que se relacione ao conhecimento – devem proporcionar melhorias à vida humana. Provavelmente as Ciências Humanas têm papel um pouco maior que as outras; por consequência, a filosofia que dentre as diversas características que possui – ou deve possuir – é a capacidade de desenvolver a estrutura do pensamento humano parece ser a que causa maior impacto na vida humana.
Seguindo-se essa premissa podem-se elencar alguns comportamentos que devem ser incentivados e outros que devem ser eliminados – caso não, ao menos, evitados. Alguns dos quais são pertinentes ao docente; outros, ao discente e alguns outros, ao cidadão.
A construção de obra de engenharia civil – propriamente dita – inicia-se pelo alicerce, e com a filosofia não deve ser diferente, a qual deve ocupar-se primeiramente com a base, a qual nada mais é que o homem que procura conhecer — o discente — o qual é o futuro nos mais diversos segmentos, inclusive o docente. Entretanto, como não se pode ocupar-se da base se não houver quem o faça, trataremos inicialmente de alguns quesitos inerentes ao docente.
Não se devem esquecer os filósofos clássicos – visto que esses não só fundaram a ciência em pauta como auxiliam na inspiração no trajeto filosófico – porém, faz-se compulsório que se arejem as mentes com novas ideias, soluções e expectativas para uma sociedade que não está em época passada – a despeito de estudar seus diversos autores profílicos —, mas situam-se na idade contemporânea, em que tudo – ou quase – são diferentes; porém, não necessariamente melhor, independente do parâmetro de comparação.
É preciso que haja um relacionamento franco, amistoso e sério entre as partes. Deve o professor despojar-se de qualquer sentimento ou comportamento que diminua, afaste o aluno – tais como — a arrogância, a pose de detentor do saber, a deseducação social e a ausência do ensinar.
Veja o caso do curso noturno de filosofia, da UFPR: fora constado de maneira informal de que, nos anos de 2010 e 2011, cerca de 50% do alunado desistiram já no primeiro semestre. É óbvio que as causas são diversas, entretanto, é sabido que muito se deve às características indesejáveis do professorado.
O docente deve aspirar ao desenvolvimento de sua área e ao interesse dos públicos interno e externo por ela, e não o contrário.
Eles podem e devem indicar filósofos-modelos – a serem exemplos, no que tange ao seu desprendimento do mundano em benefício do desenvolvimento intelecto-social, ao seu denodo na produção científica e, quiçá, publicação para leigos—, entretanto, não é aconselhável fazer proselitismo de quem quer que seja. Visto que se o instruendo não estiver preparado para discernir o que lhe convém pode tornar-se um fanático, ou portar-se como uma ave que imita a fala, com apenas meia dúzia de palavras, normalmente pouco conhecidas com o cunho de lhe conceder erudição.
Reconhece-se que nem todo indivíduo que se liga – ou quer se conectar – à filosofia é um filósofo ou o será; contudo, como a formação de um licenciado e/ou bacharel não se dá senão a duras penas, é aconselhável que seja usado um modelo – por exemplo, o filósofo K – na iniciação do pretenso conhecedor. Tal procedimento deve ocorrer só até certo ponto, para que se propicie o desasnar do neófito. Quando ele atingir um nível de segurança é interessante que prossiga com autonomia – elimine-se a imitação do exemplo.
A evolução de uma entidade ou conjunto de ideias não deve estar à mercê de um indivíduo — como, por exemplo, o professor Z ou pesquisador Q ser o seu emblema —, muito embora, não devamos esquecer-nos que elas (as entidades) existem para a sociedade, um homem ou um conjunto deles não deve ser massacrado em prol de determinada instituição; bem como nenhum desses deve ser o ícone dela. Ambos, embora a entidade seja um ser inanimado, precisam um do outro para que as existências se façam.
Que não apenas se oriente a ler os clássicos, mas que se ensine à exaustão como se deve lê-los e interpretá-los com propriedade; principalmente porque se tem uma educação escolar precária em nosso país, o que torna fato de que há muitos alunos que não conseguem ler, não porque não querem, mas porque não o sabem. Se alguém disser que não é papel da universidade, pode-se até concordar, porém não tentar amenizar o disparate também não resolve o caso, visto que o tempo não retrocede, e gente com poder deliberativo que o resolva parece inexistir.
Seguindo-se no raciocínio da educação deficitária, também deve-se ensinar ao aluno redigir bem e em profusão, visando a produções acadêmicas e para leigos (público em geral).
Preparar o discente para fazer apresentações ao vivo de assuntos filosóficos, com intuitos acadêmico e leigo. Contudo, para tal é necessário que o docente seja treinado previamente para eliminar o seu desconforto frente ao público e transmitir essas capacidades ao discente. Escrever textos acadêmicos em profusão e divulgá-los — sempre que possível — nos diversos meios de comunicação, de forma leiga (explicar os pensamentos filosóficos, neutralizar ou explicar os jargões). Ter sempre como fim o entendimento da mensagem
Não fechar os olhos para o que não está na literatura especializada e encarar que a realidade faz parte do mundo fantástico. É preciso que o professor de filosofia seja um cidadão do seu tempo (época); reflita sobre temas que representem a realidade social do momento e ensine o aluno a fazê-lo.
Ele deve autoinstruir-se com vistas ao aprofundamento e à diversidade cultural, distanciar-se da superespecialização, bem como estimular o instruendo na mesma direção. Não pensar, comportar-se, como se a filosofia fosse uma exclusividade – ou uma técnica – dos componentes da academia.
Professores devem estruturar e estimular debates sobre as ideias dos filósofos, todavia, jamais com vistas a destruir um e construir outro — o de sua preferência –, comumente o ator principal, quando não único, de suas dissertações e teses.
O docente deve esquivar-se do endeusamento de filósofos e/ou outros professores.
Deve aspirar a uma filosofia nacional ao nível dos maiores centros americanos e europeus. Bem como ter em mente a independência da capacidade de pensar sob o jugo do exterior, e trabalhar simultaneamente para independência interna — dos pensadores acadêmicos e com a devida proporção do homem comum —, aquele que melhora e desenvolve a sociedade (aquela que não eleva o PIB — Produto Interno Bruto —, pelo menos, não direta e imediatamente).
Atuar livre dos dogmas, já que só assim pode-se evoluir nos pensamentos, ensinar uma filsofia embasada nos mais diversos e adversos estudiosos. Através da filosofia, propiciar a construção da capacidade crítica do indivíduo, de modo a desenvolvê-lo político-socialmente; visto que indivíduos podem modificar o seu meio. E jamais, de forma alguma, facultar ou incentivar a suspensão do juízo, já que na verdade é a única coisa que — realmente — todos podem ter a posse.
Não excluir a comunidade externa das atividades universitárias, contudo, isso requer primeiramente não aterrorizar a interna — os discentes. Se não se der nada para melhorar a vida delas, que também não as desbarate da assertiva de Marx de que “... A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo desumano,... Ela é o ópio do povo”.
Não apresentar conflitos, incongruências aos neófitos da academia, à mídia e ao leigo. Isso distancia, leva ao descrédito por meio da incompreensão de quem não esteja cônscio de seu papel intelecto-social e/ou não tenha ainda a sua fundamentação para reflexionar sobre eles e digeri-los.
O discente está na maior parte das vezes sob o direcionamento docente, porém, faz-se importante que ouse não construir a sua vida acadêmica sob a tutela de quem quer que seja (professores ou pensadores). Dentre as sua atribuições para um bom desempenho das atividades futuras, não listaríamos poucas.Ele deve ler os filósofos, mas é necessário arejar a mente com a maior variedade de literatura e atividades sócio-político-culturais, de modo a sempre possuir parâmetro de comparação.
Deve relacionar-se franca, amistosa e seriamente com todas as pessoas, indistintamente da condição sócio-intelecto-funcional. Livrar-se de qualquer sentimento ou comportamento que prejudique o seu progresso multidisciplinar — cultural, caráter, social etc.
A despeito de qualquer dificuldade que se lhe apresentar, lembrar que estar numa universidade (qualquer que seja ela, não é privilégio de muitos).
Aspirar sempre ao desenvolvimento de sua área e tudo que seja correlato aos seus povo e país; procurar os exemplos de virtude no âmbito filosófico, não discriminar os filósofos e estudiosos em gerais, só os criticar quando tiver base para fazê-lo, visto que muitas vezes as circunstâncias vividas são um tanto díspares das hodiernas. Ter sempre em mente que a crítica por si só é amarga e desoladora, porém, não deixar de exercitá-la, mesmo que solitariamente. Afinal, ela é um bom exercício mental, se executada com critérios.
Após a análise de orientações recebidas, acatar o que for lícito para o desenvolvimento a que se propõe na universidade; ainda mais sabendo-se da importância que pode ser a filosofia, conforme lido acima a respeito do docente. Dentre essas sugestões, não recuse uma e esmere-se em todas que forem possíveis.
Reconhecer as suas limitações, porém, jamais contentar-se com elas; tem-se muito a aprender; o conhecimento humano e o que está por ser conhecido mora ao lado do inimaginável.
Lembrar-se de que a filosofia é para melhorar a vida humana (esse é o Bem Supremo) e não para o próprio deleite em shows, ou algo a que se assemelhe. É necessário viver o que se aprende, independente de onde seja ou esteja — se houver viabilidade.
Eliminar o endeusamento de filósofos, professores e/ou quem quer que seja.
Evitar os dogmas, visto poder-se evoluir sem esse atrelamento que escraviza a mente.
Quanto ao cidadão, ele nem sabe o que a universidade pode oferecer-lhe; mais uma coisa é certa: se oferecerem-lhe algo bom e plausível para a sua vida ( a emancipação do homem) e perceber que não se trata de misericórdia de seu empregado — pois, aquele é o mantenedor de toda entidade pública —, ele não recusará conhecer a filosofia e empregá-la.
A bem da verdade, a população é um tanto curiosa, e porque não dizer interessada, a respeito da filosofia; haja vista que conhecimento só é útil se se puder entendê-lo e aplicá-lo no cotidiano.
Nesse status de cidadão coloca-se também o estudante do ensino médio. Utopia por utopia, o jovem já possui as suas.
Posto isso, pensa-se que a construção da ponte para ultrapassar o grande precipício entre universidade (docente), discente (universitário) e o público em geral( discente secundário e o povo) requer da universidade uma maior participação em relação aos demais e adequação à realidade. Possível é, resta saber se ela quer e se está preparada para fazê-lo. Porque se ela tivesse ambas as condições já o teria feito. 250611
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